José Ferreira é talhante há mais de três décadas e um dos profissionais mais queridos e reconhecidos da Póvoa de Santa Iria. Simpatia, boa disposição e profissionalismo são as características que melhor definem a sua postura no trabalho e que lhe garantem uma clientela fiel.

O co-proprietário da cadeia de talhos “O Rei Das Carnes” reside em Arruda dos Vinhos, mas foi na cidade do concelho de Vila Franca de Xira que encontrou “o segredo do negócio”.
Quando terminou os estudos, José Ferreira procurou trabalho em várias áreas, mas nenhuma lhe deu a satisfação que teve quando pegou numa faca de talho pela primeira vez. Começou como aprendiz de vários mestres, mas a paixão pela “arte de trabalhar a carne” e a determinação fizeram com que rapidamente se tornasse autónomo. Actualmente gere presencialmente, juntamente com o sócio Paulo Francisco, dois estabelecimentos na Póvoa de Santa Iria e um à distância na freguesia de Benfica, em Lisboa.
No total, os seus talhos dão emprego a oito pessoas a tempo inteiro. Como o trabalho nunca pára, conta também com a ajuda dos filhos, Rodrigo e Margarida. “É um orgulho trabalhar com os meus filhos e saber que posso contar com eles sempre que é preciso. É sinal que foram bem educados e que são pessoas com carácter” afirma, com um sorriso no rosto.
No dia da visita de O MIRANTE ao talho do “senhor Zé”, como é carinhosamente tratado, o repórter contou mais de duas dezenas de clientes que entraram no estabelecimento. Em jeito de brincadeira, quase todos se meteram com o “patrão” para criticar o facto de estar a dar uma entrevista enquanto o seu funcionário não tinha mãos a medir.
O funcionário chama-se José Santos e merece toda a confiança do chefe porque, vinca, tem muitas qualidades, mas destaca-se pelas humanas. “Ser talhante é uma profissão que exige muita técnica. Temos de ser muito meticulosos, estudar bem a peça de carne que vamos cortar para não estragar a refeição das pessoas. Mas também é preciso muitas qualidades humanas e nesse aspecto a minha equipa é um exemplo”, assegura.

“Ser talhante é uma arte que dá trabalho”
José Ferreira não tinha noção que o atendimento ao público ia ser tão importante para ter um negócio bem sucedido. Várias vezes, conta, assume funções de psicólogo nos dias em que alguns dos seus clientes estão mais cabisbaixos e precisam de um confidente. “Quem está atrás de um balcão deve ter essa preocupação. Somos gestores de emoções e é gratificante saber que as pessoas saem daqui melhor do que quando entraram”, afirma.
“Ser talhante é uma arte que dá trabalho”. Esta é uma das frases que marcam a entrevista com José Ferreira. O empresário explica que tem de acordar antes das 06h00 para receber a carne dos fornecedores, preparar as peças para venda, limpar as montras, afiar as facas e começar a receber clientes.
Ao contrário de muitos comerciantes, José Ferreira não está preocupado que as grandes superfícies comerciais roubem clientes ao comércio local. “Acho que é uma vantagem porque está na cara que essas superfícies não apresentam a qualidade que os negócios de proximidade têm. Tenho a certeza que se apostar na qualidade dos meus produtos os clientes nunca vão faltar”, afirma com convicção. José Ferreira diz que ainda não pensa na reforma porque se sente com força e determinação para continuar. No entanto, não esconde que gostava que um dos filhos pegasse no negócio, embora acrescente que, se não for o caso, compreende a decisão uma vez que “em primeiro lugar estão as opções e a felicidade de cada um”.