Identidade Profissional | 06-08-2022 12:00

Os Barateiros ao serviço de Alverca há mais de seis décadas

Luís António começou a trabalhar aos 12 anos e sempre gostou do atendimento ao público

Numa das lojas mais antigas da cidade de Alverca encontram-se tecidos e artigos para costura e também peças pronto-a-vestir, como a lingerie feminina exposta na montra. A retrosaria Dália Azul, nome verdadeiro dos “Barateiros”, assume com orgulho ser uma das últimas resistentes dos negócios de comércio local.

Ao longo das últimas mais de seis décadas a população de Alverca sabe onde tem de ir quando precisa de artigos para costura, tecidos para confecção por medida, atoalhados e outros materiais. Na retrosaria Dália Azul, mais conhecida como “Os Barateiros”, os tecidos, de diversas cores, empilham-se nas prateleiras por detrás do balcão. Numa das montras estão expostos robes, soutiens e camisas de noite, com preços afixados em tamanho garrafal. Luís António, funcionário da loja, explica como foi baptizado um dos negócios mais antigos da cidade. “Assim que a loja abriu as pessoas faziam filas para cá vir e, por causa dos preços que praticávamos, deram-nos o nome de Barateiros”, conta a O MIRANTE, com um sorriso no rosto.
Luís António é o rosto da empresa desde o 25 de Abril de 1974 e nunca mais parou de dar resposta às necessidades dos clientes. Conta que não é fácil manter as portas abertas durante tantos anos, mas explica que nunca ficou um dia sem vender nada. “Vende-se sempre qualquer coisa. Até mesmo durante a pandemia correu bem, tive muita gente a ajudar-me e consegui fazer a venda ao postigo”, afirma.
Um dos seus maiores orgulhos é a relação que mantém com os clientes. Recorda que até há bem pouco tempo tinha uma cliente com mais de um século de vida. “Temos muitos clientes que estão em lares. Gosto muito de lá ir visitá-los e fazer-lhes companhia”, revela, acrescentando que, para garantir a fidelidade dos clientes, um empresário “não pode ser ganancioso, deve ser humilde e ver os clientes como amigos”.

Histórias que davam um livro
Luís António tem 68 anos e nasceu em São João dos Montes, concelho de Vila Franca de Xira. Contador de histórias nato, começou a trabalhar com 12 anos e diz que sempre gostou de atendimento ao público. “Com as histórias que vivi e ouvi podia escrever um livro. São muitos anos e muitas memórias. Esta loja carrega a minha história, a minha família, o meu casamento, coisas boas e tristes também”, conta com emoção.
Admite que perderam clientes quando as grandes superfícies começaram a aparecer, mas salienta que continuam a entrar clientes novos na loja. Não hesita em afirmar que gostava que a loja se mantivesse aberta, uma vontade partilhada pelo seu patrão, de 80 anos. “Já não somos patrão e empregado, somos amigos. Ele dá-me força quando as coisas estão mais difíceis”.
Por vezes o azar bate à porta e para Luís António e “Os Barateiros” o destino pregou-lhes uma partida há cerca de dois meses. “Fomos assaltados por dois larápios. Obrigaram-me a dizer onde estava o dinheiro e levaram tudo, mas pelo menos não me fizeram mal. Há alguns anos já tinha acontecido. São ossos do ofício que nos deitam abaixo, mas não me fazem desistir”, afirma com convicção.

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