Esmagadora maioria de países voltou a condenar embargo económico a Cuba
Só Israel votou contra, ao lado dos Estados Unidos da América. Brasil e Ucrânia abstiveram-se.
A Assembleia-Geral da ONU condenou hoje, por esmagadora maioria, o embargo económico dos Estados Unidos a Cuba pelo 30.º ano, com 185 dos 193 Estados-membros a posicionarem-se contra o isolamento da nação caribenha.
A votação da resolução da Assembleia-Geral apelando ao fim do embargo cubano teve apoio de 185 países, oposição dos Estados Unidos e de Israel, e abstenção do Brasil e da Ucrânia.
O Governo de Joe Biden deu assim seguimento à linha do ex-presidente Donald Trump, recusando-se a retornar à abstenção adoptada pela administração de Barack Obama, em 2016.
Antes da votação, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, disse que, desde 2019, o Governo norte-americano “escalou o cerco em torno” do seu país, “levando-o a uma dimensão ainda mais cruel e humana, com o objectivo de infligir deliberadamente o maior dano possível às famílias cubanas”.
Durante os primeiros 14 meses do Governo Biden, os danos à economia cubana foram estimados em 6,35 mil milhões de dólares (6,5 mil milhões de euros), o equivalente a mais de 15 milhões de dólares (15,3 milhões de euros) por dia, disse Rodriguez.
A votação hoje registada – de 185 votos a favor e dois contra – foi semelhante à de anos anteriores.
As resoluções da Assembleia-Geral não são juridicamente vinculativas, mas reflectem a opinião mundial e a votação deu a Cuba um palco internacional para colocar em evidência o isolamento norte-americano face aos seus esforços de décadas para isolar a nação insular.
O embargo foi imposto em 1960 após a revolução liderada por Fidel Castro e a nacionalização de propriedades pertencentes a cidadãos e empresas norte-americanas. Dois anos depois foi reforçada.
Em junho de 2016, o então Presidente cubano Raúl Castro e o presidente Barack Obama restabeleceram oficialmente as relações e, naquele ano, os Estados Unidos abstiveram-se na resolução que pedia o fim do embargo pela primeira vez.
Após a votação de hoje, a delegação da União Europeia junto da ONU destacou a unidade dos seus Estados-membros “pedindo o levantamento do embargo contra Cuba”.