Internacional | 10-01-2024 17:08

Mulheres podem voltar a poder conduzir motas ao fim de quarenta e cinco anos

As iranianas podem conduzir carros e também não estão proibidas de conduzir motas, mas as autoridades de trânsito não lhes emitem licenças de motocicletas.

O Governo iraniano está a considerar a possibilidade de permitir que as mulheres conduzam motos, algo que não é permitido desde a instauração da República Islâmica em 1979, disse hoje a vice-presidente para os Assuntos da Mulher.

"Estamos a acompanhar a questão do licenciamento de motos para as mulheres", disse Ensie Jazali aos jornalistas, após uma reunião do gabinete em Teerão, informou a agência noticiosa oficial IRNA.

A vice-presidente, a única mulher no Conselho de Ministros iraniano, disse que a lei precisa de ser alterada para permitir que as autoridades de trânsito emitam licenças de motocicleta para as mulheres.

"É necessário redigir um projecto de lei. Estamos a analisar a questão", disse Khazali.

A vice-presidente referiu que, no futuro, está também a ser considerada a possibilidade de permitir que as mulheres trabalhem como estafetas de motos.

Apesar de poderem conduzir carros, as mulheres não estão autorizadas a andar de mota no Irão desde a instauração da República Islâmica em 1979 e, durante décadas, foi também um problema para as mulheres andar de bicicleta.

"As mulheres que andam de bicicleta ou de mota podem espalhar a corrupção e, por isso, são proibidas", afirmou há alguns anos o líder supremo do Irão, Ali Khamenei.

Mas, de facto, a lei não proíbe expressamente as mulheres de conduzirem motos, simplesmente não emite licenças para elas, disse o advogado Naim-Reza Nezami ao diário reformista Shargh.

Nos últimos anos, as vozes das mulheres têm-se levantado para expressar o seu desconforto com esta situação e, de facto, desde 2016, a Federação de Motociclismo permite que as mulheres utilizem os circuitos para treinar e, desde 2019, têm a sua própria competição, na qual os homens não podem participar. Mas nas ruas continua a ser proibido na prática.

"Se uma mulher for passageira com um homem a conduzir a mota, não há problema. Mas se ela avançar 25 centímetros [para o lugar do condutor], então é uma coisa terrível", disse a motociclista iraniana Maryam Talaí à agência de notícias espanhola EFE em 2022.

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