André Seffrin publica pela primeira vez em Portugal
O demônio da inquietude (Rosmaninho- Editora de Artes, é um recorte de três décadas da atividade de um crítico, André Seffrin, que apesar de ainda não ser conhecido em Portugal, tem ampla atuação na literatura brasileira das últimas décadas. Atuação que não se resume apenas à atividade em periódicos, mas sobretudo a de organizador de antologias e obras completas de grandes poetas e prosadores, a de coordenador de edições e coleções, sem dispensar algumas atividades paralelas, como a de crítico de arte, igualmente presente em O demônio da inquietude.
O demônio da inquietude é um recorte de três décadas da atividade de um crítico, André Seffrin, que apesar de ainda não ser conhecido em Portugal, tem ampla atuação na literatura brasileira das últimas décadas. Atuação que não se resume apenas à atividade em periódicos, mas sobretudo a de organizador de antologias e obras completas de grandes poetas e prosadores, a de coordenador de edições e coleções, sem dispensar algumas atividades paralelas, como a de crítico de arte, igualmente presente em O demônio da inquietude.
Seffrin reside no Rio de Janeiro, onde foi colaborador do caderno Prosa e Verso de O Globo, do suplemento Ideias do Jornal do Brasil e da revista Manchete. Também colaborou com revistas e jornais de São Paulo, principalmente dos suplementos Fim de Semana da Gazeta Mercantil e Caderno de Sábado do Jornal da Tarde, bem como de diversas outras publicações. Organizou importantes edições de poetas como Cecília Meireles e Manuel Bandeira, bem como de ficcionistas como Rubem Braga, Samuel Rawet e Lúcio Cardoso.
Na primeira parte de O demônio da inquietude são analisados poetas do passado e do presente e aspectos da atividade poética das duas últimas décadas; diversos prosadores e alguns livros de referência ocupam as três partes seguintes e, por fim, há uma série de análises dedicadas às artes visuais e duas crônicas de índole memorialística, que tratam da formação do crítico. Em 280 páginas temos um largo panorama do universo literário brasileiro, e o peso dos autores analisados por Seffrin é de fato extraordinário porque nele se destacam nomes (além dos já citados no parágrafo anterior) fundamentais como Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, Gonçalves Dias, Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Ferreira Gullar e tantos outros ícones da literatura em língua portuguesa. Como a atividade do crítico não se restringe aos periódicos, o livro ainda reúne prefácios e apresentações de livros que hoje se encontram dispersos ou fora de catálogo.
São análises em geral sucintas e certeiras, ora pelos pontos de vista adotados, ora pela maneira como são abordados os autores ou temas, sempre em perspectivas históricas muito bem fundamentadas. Seffrin de fato procura entender a literatura de maneira orgânica e em diálogo com as outras artes. Em cada análise, percebemos um envolvimento amoroso do autor com os temas propostos, e o compromisso de não apenas escrever bem, mas de pensar bem e saber traduzir esse pensamento de maneira plena. Na quarta capa do livro, lemos a opinião insuspeita de Alberto da Costa e Silva, historiador e poeta brasileiro que viveu em Portugal: “André Seffrin (...) não só é um crítico arguto das letras, das artes e das ideias, mas também um ensaísta de fina imaginação, que não recua diante das amplas interpretações dos fatos da cultura. O que pensa e sente transmite numa linguagem limpa, clara, concisa, direta, rica de timbres e tonalidades”.
Marcado ainda por um lastro memorialístico, tocado às vezes pela ironia, o texto de Seffrin é, antes de tudo, um texto sedutor. E essa sedução abre muitas janelas para o fascínio das artes, tanto aquelas que nos moldaram no passado quanto as atuais, que ainda nos moldam, aqui e agora.
Demônio da Inquietude
André Seffrin
Rosmaninho-Editora de Arte
PVP: 17,50€
Distribuição: VASP em todas as livrarias do país