Camões, além do desconcerto
Este pequeno livro inscreve-se, muito diretamente, nas comemorações do meio milênio de Camões. Seus dois textos principais, o primeiro e o último, o poema Camões, em nós, por nós, assim como o discurso “Camões, 500 anos, o tempo acorrentado”, nasceram integralmente da efeméride.
PRÓLOGO
Este pequeno livro inscreve-se, muito diretamente, nas comemorações do meio milênio de Camões. Seus dois textos principais, o primeiro e o último, o poema Camões, em nós, por nós, assim como o discurso “Camões, 500 anos, o tempo acorrentado”, nasceram integralmente da efeméride. Entre eles colocamos — já que nos pareceram estar no lugar certo — dois poemas líricos anteriores, inspirados igualmente pelo Poeta, o soneto “A última visão”, e “Camões, além do desconcerto”, cujo título adotamos para o conjunto.
Não imagináramos, em nenhum momento, escrever um poema para tal data gloriosa, mas o primeiro poema se impôs, nasceu por si próprio, o que é muito da índole dos poemas, num estado de quase transe, que durou uma semana. A única coisa que há de voluntária nele é o número de 500 versos — um para cada ano da efeméride —, que nos ocorreu no meio do processo, ou 125 quadras, por ele ter surgido em quadras de heptassílabos.
Os poemas líricos não exigem explicação, apenas reitero que as palavras que designam os povos então estranhos aos europeus seguem a exata nomenclatura da época, do mesmo modo, apenas como exemplo, pelo qual os japoneses se referiam aos lusitanos como “Bárbaros do Sul”, a eterna estranheza entre gentes e culturas que sempre existiu e ainda existe, e que está exposta, de forma provavelmente insuperável, na literatura grega.
No discurso “Camões, 500 anos, o tempo acorrentado”, que o autor foi convidado a proferir, cremos estar descrita detalhadamente a nossa ligação profunda e de toda a vida com o autor d’Os Lusíadas, motivo da existência da presente publicação.
A. B.
20-5-2024