Livros que São Vidas | 04-01-2025 14:22

Livros meus, livros meus

Livros meus, livros meus

Não é um balanço nem nada que se pareça, mas é uma lembrança para livros editados nos últimos tempos que continuam a merecer destaque “Camões, além do desconcerto”,de Alexei Bueno, “Confissões de um poeta”, de Lêdo Ivo (no ano do centenário do seu nascimento), “Musa Praguejadora/ A vida de Gregório de Matos”, de Ana Miranda e “Minhas cartas nunca escritas” de Vergílio Alberto Vieira, o poeta de Amares.

Em tempo de desejos, e porque o novo ano traz consigo, quase sempre, vontade de mudar, os livros aí estão, com a promessa de, pela leitura, valorizarem o leitor e, com ela, a vida humanamente, enquanto projecção cultural do homem ante o porvir interrogante da história.

Isto, se bem pensarmos, uma vez que os livros continuam a ser o escudo protector, senão entre a idealização pura do leitor, a pura idealização da profissão de fé que a leitura representa.

1.Ainda em ano de centenárias comemorações, o poeta de todos os falantes do idioma que, mais e melhor, contribuiu para dar testemunho do que somos, passou a ser, além de inestimável património da língua portuguesa, por um lado, e da alma lusa pelo mundo em pedaços repartida, por outro, eis já, há uns meses, chegado aos escaparates a edição: “Camões, além do desconcerto”, da autoria de Alexei Bueno, figura incontornável da poesia e do ensaísmo brasileiros, autor do qual a Rosmaninho, Livros de Arte mereceu o privilégio de ser editora de um conjunto de textos apresentados, a seu tempo, no Brasil, sob o título de: “Camões, em nós, e por nós” e “Camões, 500 anos, o tempo acorrentado”, fazendo jus à efeméride, e à divulgação cultural e literária, quer através da mais sentida homenagem ao poeta de Os Lusíadas, obra fundadora da língua portuguesa, quer da intervenção pública levada a cabo pelo Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro.

2. Valorizando ainda a língua portuguesa em terra de além-mar, bem como retomando a intenção de dar a conhecer obras e autores do Brasil em Portugal, realce para a edição, vinda também do outro lado do Atlântico, a colectânea: “Confissões de um poeta”, de Ledo Ivo (1924-2012), destaca figura das letras brasileiras e do mundo lusófono, conjunto de: “crónicas, memórias de família, sentenças estéticas, poemas, meditações provocações e queixas”, segundo se lê no prólogo, assinado pelo crítico literário André Seffrin, também ele autor de “O demônio da inquietude”, há pouco na Rosmaninho, Livros de Arte, edição a que se juntou o romance “Musa Praguejadora/ A vida de Gregório de Matos”, de Ana Miranda, escritora de primeira plana das Letras do Brasil.

Segundo se lê no prefácio, não fosse Lêdo Ivo, reconhecido criador de obras de: “opulência verbal” capaz(es) de converter: “(…) os tempos idos num presente espesso que nunca termina e em si mesmo se desdobra como um dia depois de outro dia”, tudo quanto pudesse dizer-se sobre: “Confissão de um poeta” traria consigo “o selo de qualidade do que termos de melhor em língua portuguesa nesse gênero e cambiante das memórias” para enaltecer um legado que, não sendo português, também a Portugal e à Lusofonia pertence, apresentando-se como garante da secular mundividência cuja identidade é tesouro da Língua de Camões, e de todos os que, falando e escrevendo português, se constituem herdeiros de um destino humano ímpar no contexto das nações e civilização contemporânea.

3. Por último, e sem abdicar da sabedoria popular que garante que “não há duas sem três”, registo para o primeiro título do ano, reedição, revista e aumentada, da biografia romanceada: “Minhas cartas nunca escritas” de Vergílio Alberto Vieira, autor de “Rio de insondáveis águas” e “Um passo antes da morte”, dados à estampa pela Rosmaninho, em 2024.

Cartas lançadas por mão alheia, em 2025: “Minhas cartas nunca escritas” deixa à consideração do leitor, conforme anota Ernesto Rodrigues, escritor, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, decifrar se, com efeito, se trata de: “cartomancia” de “numerologia”, ou tão-só de: “vida e narrativa” fundidas num “jogo” cujas “regras e variantes nos cabe instituir - aquela desentranhando-se, biografa-se veladamente; esta serve-se de lógicas, nem sempre consensuais, como beber num inesperado tarot”.

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