Parque das Gerações em Cascais ganhou dois Orçamentos Participativos, mas pode acabar por causa das politiquices
Há uma guerra em Cascais entre política e cidadãos que defendem um espaço único no país chamado Parque das Gerações. Carlos Carreiras, no seu último mandato, está a alimentar uma guerra com cidadãos que nunca teve com os políticos da oposição.
São João do Estoril, Cascais, tem um parque de skate único no pais que nasceu em 2013 de uma ideia de Pedro Coriel que sonhou transformar um terreno baldio junto ao mar num lugar de eleição para os praticantes de skate. Pedro Coriel sonhou o espaço em 2008, quando era presidente de uma associação de moradores, mas só em 2011 conseguiu candidatar o projecto ao Orçamento Participativo da Câmara de Cascais que acabou vencedor. Nasceu assim um novo espaço no concelho de Cascais que, ao longo dos anos, foi ganhando importância na vida das pessoas por ficar muito próximo da estação de comboios e com o mar como pano de fundo.
O Parque das Gerações ganhou, entretanto, uma cafetaria e uma loja, depois de em 2014 a Câmara de Cascais ter respondido a um repto da comunidade que acusou a autarquia de desprezar o local ao nível da limpeza e da conservação de equipamentos. Em 2017 o Parque das Gerações voltou a candidatar-se, com êxito, a novo Orçamento Participativo para requalificação e expansão do espaço.
Desde 2017 que os resultados do Orçamento Participativo estão por cumprir por parte da autarquia; recentemente soube-se que a alteração ao PDM de Cascais tem previsto a construção de uma estrada que vai acabar com o Parque das Gerações sem apelo nem agravo.
A polémica está instalada com os dinamizadores do espaço a acusarem a autarquia de boicote e de menosprezarem um parque que eles próprios apelidaram do melhor que existe no concelho e agora querem destruir. A autarquia diz que é mentira, que a solução da estrada inscrita no PDM resolve-se com um túnel, ou uma passagem área, mas a verdade é que os amigos do Parque das Gerações desconfiam dos políticos, dando como exemplos as promessas por cumprir, a começar no financiamento devido à candidatura vencedora do Orçamento Participativo de 2017.
Apesar do assunto já ter sido notícia na generalidade da comunicação social, é fácil concluir que a contra-informação já começou, o que não augura nada de bom para o futuro do Parque das Gerações. Carlos Carreiras, o presidente da Câmara, diz que ninguém vai mexer no espaço, mas a verdade é que não fala com os organizadores das manifestações que duvidam das intenções do executivo e das evidências que demonstram, não só pela falta de diálogo como pela falta de cumprimento do Orçamento Participativo. Pedro Coriel e Bernardo Aragão são dois dos criadores e dinamizadores do espaço, que tentam mobilizar a população para uma luta que ninguém devia perder em nome de milhares de pessoas que, ao longo do ano, usam o Parque das Gerações para a prática do Skate mas também de outras actividades desportivas e de lazer.
Recorde-se que foi neste parque que Gustavo Ribeiro, praticante de Skate, se preparou para os Jogos Olímpicos de Tóquio, onde conseguiu um oitavo lugar inaugurando a presença de Portugal nestas competições.
À Margem
Políticos da oposição em Cascais vivem noutra galáxia
O facto de o Parque das Gerações ter nascido de um Orçamento Participativo, e de em 2017 ter voltado a concorrer para se renovar e expandir, não deixa a autarquia de Cascais numa boa posição quando contraria a ideia de que sempre apoiou o projecto.
Apesar das declarações públicas de Carlos Carreiras de que o Parque das Gerações não vai acabar com a aprovação do novo PDM, a desconfiança está instalada, mas também a luta da cidadania de milhares de munícipes do concelho, que representam várias gerações, e que estão bem identificadas nas assinaturas e no apoio que emprestaram ao assinarem as candidaturas vencedoras dos dois Orçamentos Participativos ganhos pelo Parque das Gerações.
Carlos Carreiras está no seu terceiro e último mandato, e neste tempo que leva de autarca em Cascais nunca foi tão questionado como neste caso do Parque das Gerações. Caso para dizer que a prática da cidadania pode mais que a política dos partidos da oposição que, neste caso, parecem viver noutra galáxia.