Casos de lepra em Portugal são extremamente raros
Os três ou quatro doentes que surgem anualmente são imigrantes.
Apesar de a doença de Hansen (lepra) já praticamente não existir em Portugal, há alguns casos por ano de doentes com lepra, que vão chegando às consultas daquela doença no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC). A maioria são imigrantes provenientes de países onde a doença é endémica como o Brasil, Bangladesh, índia ou Nepal.
“A sua incidência foi diminuindo muito grandemente ao longo do século XX e, portanto, o número de doentes que temos actualmente é um número residual”, afirmou a dermatologista Cândida Fernandes, em declarações à agência Lusa a propósito do Dia Mundial de Combate à Hanseníase (lepra), que se assinala este ano em 30 de Janeiro.
Segundo a responsável pela consulta, surgem por ano “um, dois, três, quatro novos casos, no máximo, por ano” de pessoas nascidas no estrangeiro, notando que há mais de cinco anos que não surgem novos casos de doentes portugueses.
“Em termos gerais devemos seguir entre 30 a 40 doentes por ano, sendo que a maior parte deles já fez o tratamento e está só em vigilância”, adiantou.
Os novos doentes actualmente seguidos nesta consulta são sobretudo do Brasil, do Bangladesh, da índia, do Nepal., mas também temos alguns doentes dos países africanos de expressão portuguesa.
A médica frisou que se consegue tratar a maior parte dos doentes sem que fiquem com sequelas muito marcadas, “mantendo a funcionalidade, o seu emprego e a capacidade de usar as mãos e os pés sem grandes sequelas”.
A consulta dos Capuchos foi formada no seguimento da Consulta de Hansen do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, que foi criada no serviço de dermatologia depois do encerramento das leprosarias que existiram até aos anos 50, como a que funcionou no Hospital Rovisco Pais, na localidade da Tocha, no distrito de Coimbra, onde os doentes eram internados compulsivamente.
“É uma consulta que existe já há muitos anos para o diagnóstico, seguimento e tratamento dos doentes com doença de Hansen” causada pela bactéria ‘Mycobacterium leprae’ que afeta a pele e o sistema nervoso periférico.
O tempo de incubação da doença é muito longo: “O doente entre ser infectado e ter as manifestações cutâneas [manchas na pele] pode demorar muitos anos”. Como a doença afeta os nervos periféricos, que dão sensibilidade à dor, o que acontece é que os doentes se não sentem a dor, fazem feridas e isso provoca traumatismos, lesões. Com o avançar da doença, se não for tratada, podem surgir úlceras de perna e até perder as terminações dos dedos.