Nacional | 17-11-2022 12:00

Sobrevivência de doentes com cancro do pâncreas ao fim de cinco anos quase duplicou

Sobrevivência de doentes com cancro do pâncreas ao fim de cinco anos quase duplicou

Cancro em pessoas sem factores de risco conhecidos poderá ter origem na exposição a micro plásticos, pesticidas e fertilizantes.

A sobrevivência dos doentes com cancro do pâncreas ao fim de cinco anos mais do que duplicou na última década, graças a esquemas de quimioterapia mais eficazes e à melhor identificação dos doentes, disse um especialista.

Na véspera do Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, o médico Ricardo Rio-Tinto, presidente do Clube Português do Pâncreas, falou à agência Lusa dos avanços que têm sido feitos nesta área, dos receios associados à doença e do aumento da incidência deste tumor em doentes mais jovens, entre os 40 e os 50 anos, sem os factores de risco clássicos: consumo de álcool e tabagismo.

Apesar de o prognóstico global continuar a ser mau, tem-se assistido a um aumento lento, mas consistente da sobrevivência global ao fim de cinco anos, que passou de cerca de 5% para mais 11%.

“Em 10, 12 anos, a sobrevivência aos cinco anos mais do que duplicou e estamos a falar de todos os doentes com diagnóstico de tumor no pâncreas”, disse o presidente do Clube Português do Cancro, secção da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

Se nos próximos 10 anos se conseguir alcançar um crescimento desta ordem isso significa que “cerca de 25% dos doentes têm a ambição de poderem ser curados”, vincou.

“Estes números têm crescido de forma sustentada porque conhecemos melhor os tumores, porque conhecemos melhor os doentes, porque os diagnosticamos mais cedo, os tratamos melhor, porque sabemos quais são aqueles que devem ser operados e por aí adiante”, afirmou.

O investigador da Fundação Champalimaud contou que estão a aparecer cada vez com mais frequência doentes com um quisto no pâncreas que foi detectado numa ressonância magnética ou numa TAC que fizeram por outra razão.

“É um grupo muito importante, talvez represente 20% dos tumores do pâncreas do seu total, a que nós devemos ter muita atenção e seguir”, defende.

Há um outro grupo de doentes em que existe predisposição associada à hereditariedade e que explicam cerca de 10% de todos os casos de cancro do pâncreas.

Em alguns casos, disse, até é possível identificar um gene ou um conjunto de genes que poderão ser responsáveis por vários casos numa família.

Segundo o investigador, a identificação precisa destes doentes tem sido “a chave” para o crescimento acentuado da sobrevivência após cirurgia.

“Mas resta-nos um grande grupo de doentes com diagnóstico de cancro de pâncreas e sem factores de risco conhecidos: não fumam, não bebem de forma exagerada, são novos, não têm familiares com cancro do pâncreas, e não têm quistos pancreáticos de risco”, observou.

Apesar de ainda não haver resposta para este enigma, Ricardo Rio-Tinto diz que poderá estar na exposição a alguns factores do ambiente “tóxicos”, que são hoje muito mais abundantes e presentes: micro plásticos, pesticidas, fertilizantes.

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