Dois GNR julgados por agressões a imigrantes dizem que foi uma "brincadeira parva"
No despacho de acusação é referido que os arguidos, “agiram em manifesto ódio” pelas vítimas, “claramente dirigido” às nacionalidades dos imigrantes, da região do Indostão.
Dois dos sete militares da GNR acusados de sequestro e agressão a imigrantes em Odemira alegaram hoje no início do julgamento, em Beja, que participaram numa “brincadeira parva” em que não tinham intenção de “fazer mal”.
Nelson Lima e Diogo Ribeiro foram os únicos que aceitaram prestar declarações ao colectivo de juízes do Tribunal de Beja que está a julgar o caso, depois da identificação dos arguidos e de um resumo dos factos que lhes são imputados.
“Foi uma brincadeira parva e estúpida”, justificou o militar da GNR Nelson Lima, o primeiro a falar, dos dois que aceitaram prestar declarações, vincando que não encarou a situação “com maldade”.
Também Diogo Ribeiro, o outro militar ouvido pelo colectivo, utilizou a expressão de “brincadeira parva” para se referir a um dos casos de agressões em que reconheceu ter uma régua para atingir as vítimas.
“Não era intenção fazer mal”, argumentou, salientando que o objectivo desse episódio era a realização de “exercícios” físicos por parte de imigrantes. “Se quisesse fazer mal, tinha ido buscar um bastão”, acrescentou.
O Tribunal de Beja começou hoje a julgar sete militares da GNR acusados pelo Ministério Público (MP) de um total de 33 crimes contra imigrantes em Odemira, como sequestro e agressão, em casos ocorridos em 2018 e 2019.
Segundo a acusação do MP, o processo envolve quatro casos de sequestro e agressão de imigrantes por militares da GNR, então colocados no Posto Territorial de Vila Nova de Milfontes, em Odemira (Beja), ocorridos entre Setembro de 2018 e Março de 2019.
No despacho de acusação, de 10 de Novembro de 2021, o MP referiu que os arguidos, “agiram em manifesto ódio” pelas vítimas, “claramente dirigido” às nacionalidades dos imigrantes, da região do Indostão.