Três em cada dez pessoas aceitam castigos corporais em crianças
Em geral são as pessoas mais velhas são as que aceitam uso de castigos corporais como forma de disciplinar.
Cerca de três em cada dez participantes de um estudo nacional consideram aceitável usar castigos corporais em crianças, sobretudo quando desobedecem aos pais, são “malcriadas” ou não cumprem com as regras da família.
De acordo com o estudo “Será que uma palmada resolve”, do Instituto de Apoio à Criança (IAC), realizado com base em inquéritos a 1.943 pessoas, e cujos dados globais são divulgados hoje, cerca de 30% das pessoas “ainda consideram poder usar-se castigos corporais em crianças”.
Os dados preliminares, a que a Lusa teve acesso, dão conta de que as situações que, na opinião dos inquiridos, mais justificam o uso de castigos corporais são o incumprimento dos limites e das regras da família (81,7%), seguindo-se as situações em que são “malcriadas” (81,6%) e desobedientes (78,2%).
No entanto, “a maioria (95,5%) tem crenças que remetem para menor aceitação da punição física como estratégia disciplinar”.
No inquérito havia uma pergunta aberta em que os inquiridos podiam enumerar outras situações em que se justificasse o uso de castigos corporais e “ainda que a maioria (81,7%) tenha afirmado que nada justifica a utilização de castigos”, cerca de 5% refere que “os comportamentos desadequados e de desrespeito face a outros é uma justificação legítima para o seu uso”.
Outros 3% defenderam que os castigos corporais devem apenas ser utilizados “em situações raras e extremas, devendo ser o último recurso quando nada mais funciona”, além de entenderem que “estas situações devem ser analisadas caso a caso”.
“Os participantes mais velhos têm crenças que remetem para uma visão tradicional da educação – aceitação e uso de castigos corporais”, lê-se no documento.
Por outro lado, as “pessoas com níveis de estudos mais elevados têm uma menor aceitação do uso dos castigos corporais como forma de disciplinar”.
Neste estudo participaram 1.943 pessoas, com idades entre os 18 e os 85 anos, dispersas por todo o território nacional, 98% portuguesas. Do total, 1.314 eram casadas ou viviam em união de facto, 73% tinham filhos e 44% disse trabalhar directamente com crianças.
O estudo insere-se no âmbito da campanha “Nem mais uma palmada”, que o IAC apresentou em 22 de Fevereiro deste ano, Dia Europeu da Vítima de Crime, com vista a combater a violência contra as crianças, em particular os castigos corporais.