Maioria acede às notícias nas redes sociais e detecta desinformação e fraca qualidade do jornalismo
Factos manipulados, manchetes que parecem notícias, mas são publicidade, notícias completamente falsas com objectivos políticos ou comerciais e artigos de teor humorístico que se assemelham a notícias.
Oitenta e sete por cento dos inquiridos num estudo do observatório Iberinfier diz ter acesso às notícias através das redes sociais, deparando-se 37% com desinformação várias vezes por dia e tendo 97% detectado desinformação no último mês.
Tendo por base 530 questionários válidos no âmbito de um estudo sobre o impacto da desinformação em Portugal desenvolvido em 2022 pelo Observatório Ibérico de Media Digitais (Iberifier), verifica-se que 77,6% da amostra aponta a ‘fraca qualidade do jornalismo’, nomeadamente os ‘erros factuais’ e a ‘cobertura simplista’, como o tipo de desinformação que mais identificaram no último mês.
Já 72,1% sublinha o problema dos ‘factos parcialmente manipulados’, 48,5% destaca as ‘manchetes que parecem notícias, mas são publicidade’, 29,7% refere o ‘recurso ao termo ‘fake news’ (por políticos, por exemplo) para desacreditar média que não lhes agradam’, 20,9% menciona as ‘notícias completamente falsas com objectivos políticos ou comerciais’ e 12,9% aponta os ‘artigos de teor humorístico que se assemelham a notícias (sátiras)’.
Entre os inquiridos pelo Iberifier, 71,3% aponta a ‘política’ como sendo a área mais visada na desinformação, enquanto 59,2% destaca a ‘guerra e os conflitos armados’ como o assunto mais frequentemente alvo de ‘fake news’ e 50,8% refere os ‘temas económicos’ como os mais afectados.
Quando questionados sobre as áreas em que a desinformação mais os preocupa, 84,0% elege a que tem origem no Governo, políticos e partidos e 79,0% refere a que é disseminada pelos comentadores nas redes sociais, enquanto 75,0% menciona a que parte dos jornalistas ou dos media e 72,0% a proveniente de governos ou políticos internacionais.
No que se refere às plataformas de disseminação da falsa informação, 83,8% manifesta apreensão com a difusão feita através das redes sociais (como o Facebook, Twitter, Instagram ou YouTube), 68,6% aponta a divulgada nos ‘sites’ ou ‘apps’ (aplicações) dos ‘social media’, 59,9% está preocupado com a desinformação veiculada em motores de busca (como o Google ou Bing) e 53,0% menciona as aplicações de mensagens instantâneas, como o Whatsapp ou o Telegram.
Do inquérito resulta ainda que 72,0% dos inquiridos deixou de confiar num meio de comunicação após ter detectado que este veiculou desinformação ou notícias falsas, 23,8% diz que, na maior parte das vezes, não se pode confiar nas notícias e 77,2% declara que não pode confiar na maior parte da informação das redes sociais.
Já 26,9% dos inquiridos considera que, na maior parte das vezes, os media não são confiáveis, 26,8% afirma o mesmo relativamente aos jornalistas e 55,9% diz que as notícias constantes dos motores de busca não são, na sua grande parte, fidedignas.
Quanto aos meios de comunicação aos quais mais recorrem para obter informação, 67,6% dos inquiridos refere a SIC Notícias, 61,6% o jornal Público, 61,3% a RTP1 e 53,1% o jornal Expresso. Segue-se a CNN Portugal (45,8%), a RTP 3 (41,4%), a SIC (40,8%), o Observador (39,1%) e a rádio TSF (34,0%).
Promovido pela Comissão Europeia e associado ao Observatório Europeu de Media Digitais (EDMO), o Iberifier é um observatório de media digitais em Portugal e Espanha cujo objectivo é o combate à desinformação.