Risco de morrer é maior do que antes da pandemia e não é só pelo envelhecimento
A semana do ano em que se morreu mais, em 2022, foi a de 12 a 18 de Dezembro. Aquela em que se morreu menos foi a de 26 de Setembro a 02 de Outubro.
Um estudo do Instituto Ricardo Jorge conclui que em Portugal o risco de morrer é maior agora do que antes da pandemia, o que não é apenas explicado pelo envelhecimento da população.
No Relatório de Monitorização da Mortalidade de 2022, hoje divulgado, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) diz que o aumento do risco de morrer relativamente aos anos pré-pandemia “não parece explicado pelo envelhecimento populacional, que até 2019 parecia ser o principal factor associado ao aumento da taxa bruta de mortalidade”.
Os peritos do INSA referem que, com os dados disponíveis, não é possível saber se o aumento do risco de morte é totalmente explicado por eventos como os picos de gripe, covid-19 e períodos de calor e frio extremos ou se “outros factores associados à pandemia” poderão ter contribuído indirectamente para o aumento da mortalidade ou para potenciar o efeito dos restantes factores.
Os autores do relatório dizem ainda que, ao contrário do que se observava antes da pandemia, “a taxa de mortalidade padronizada aumentou a partir de 2020 e ainda não regressou aos valores pré-pandemia”.
O documento diz que foram observados períodos de excesso de mortalidade por todas as causas, “de duração e magnitude variável”, em todas as regiões de saúde, sendo que os períodos ocorridos no verão foram os que atingiram um maior número de regiões.
O relatório de monitorização da mortalidade, que analisou o período 03 de Janeiro de 2022 e 01 de Janeiro deste ano, aponta para 124.602 óbitos em Portugal (124.909, considerando o ano civil de 2022) e um excesso de 6.135 mortes.
Do total de óbitos, 42.790 foram registados na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e 55.368 no grupo etário com 85 e mais anos de idade.
A semana do ano em que menos se morreu (1.919 óbitos) foi entre 26 de Setembro e 02 de Outubro. Ao contrário, aquela com valor máximo de mortos foi a de 12 a 18 de Dezembro (2.919).