Nacional | 19-05-2023 18:07

Fim dos insectos polinizadores acabaria com maior parte dos alimentos

Fim dos insectos polinizadores acabaria com maior parte dos alimentos
Foto: DR

Bióloga Carla Rego diz que as pessoas estão cada vez mais alheadas da natureza e não gostam dos insectos, mas esquecem-se que eles fazem parte de um ecossistema.

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O desaparecimento das abelhas e outros insectos polinizadores seria também o fim da maior parte dos produtos alimentares, diz a bióloga Carla Rego, que alertou hoje para uma diminuição mundial dos insectos.
Em entrevista à Agência Lusa a propósito do Dia Mundial da Abelha, que se assinala no sábado, a especialista, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Entomologia, refere que se conhece ainda mal o mundo dos insectos do país, como também não há dados que comprovem a diminuição dos insectos, mas que ela que é patente pela observação. Como exemplo aponta as viagens de automóvel, em que no passado, ao contrário de hoje, deixavam o pára-brisas cheio de insectos.
O Dia Mundial da Abelha foi proclamado pela ONU e destina-se a sensibilizar a população mundial para a importância das abelhas e de outros polinizadores. Segundo Carla Rego, 70% a 80% da flora mundial depende da polinização por insectos. E se em alguns países a polinização possa ser feita também por aves e morcegos Portugal depende quase exclusivamente dos insectos.
É certo, lembra, que a polinização acontece por vezes de outras formas, como através do vento, mas há exemplos, como o morango, em que os frutos são maiores e conservam-se mais tempo quando a polinização é feita pelos insectos.
Os morangos são uma das frutas que precisam de polinizadores mas há muitas outras plantas a depender deles. Segundo Carla Rego, entre 57% e 60% das plantas cultivadas. Grande parte dos produtos à venda nos mercados desapareceria com o fim dos polinizadores.
“Sem polinização não teríamos alimentos”, diz Carla Rego, alertando para a assustadora diminuição de insectos no mundo, incluindo os polinizadores. A China, recorda, "foi dos primeiros pontos do globo a confrontar-se com a ausência de polinizadores, devido ao uso indiscriminado de pesticidas, e já são pessoas que estão a fazer a polinização".
Também já estão a ser desenvolvidos pequenos drones para fazer a polinização, uma situação que a bióloga considera “caricata”, porque o natural devia ser a natureza fazer esse trabalho.
Informação da União Europeia compilada em 2019 e depois actualizada indica que a “grande redução” de colónias de abelhas representa uma “crise global”, e relembra que os insectos polinizadores são essenciais para os ecossistemas e para a biodiversidade. Menos polinizadores é sinónimo do declínio de plantas e de impactos na segurança alimentar.
A União Europeia já tem iniciativas de defesa dos polinizadores, sendo uma delas a redução em 50% da utilização de pesticidas químicos mais perigosos.
Nas últimas décadas, acrescenta a bióloga, os humanos estão cada vez mais alheados da natureza, não gostam dos insectos nas suas casas, “só se preocupam com o que pode ser doentio e esquecem-se que eles fazem parte de um ecossistema”. É preciso, diz, fazer um trabalho de sensibilização em relação aos insectos, e fazê-lo sobretudo nas escolas.

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