Nacional | 27-09-2023 16:06

Dúvidas sobre se vai continuar a diferenciação entre ensino universitário e ensino politécnico

Dúvidas sobre se vai continuar a diferenciação entre ensino universitário e ensino politécnico

Decisão da Assembleia da República permite que os institutos politécnicos usem a designação de universidades politécnicas e atribuíam o grau de doutor

O reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, exigiu hoje ao Governo que tenha a coragem de clarificar se pretende ou não manter o sistema binário, que diferencia o ensino universitário do ensino politécnico.
“Como reitor da Universidade de Coimbra, aquilo que gostava de saber é se o país pretende ou não manter o sistema binário”, revelou.
Na cerimónia de abertura solene das aulas do ano leCtivo 2023/24 da Universidade de Coimbra (UC), que decorreu hoje de manhã, Amílcar Falcão aludiu à revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), que “é constituído por vários capítulos, sendo uns mais críticos do que outros”.
“A Universidade de Coimbra continuará a sua vida, mantenha-se, ou não, o sistema binário. Haja coragem de dizer afinal qual é a opção política e, uma vez tomada, construir o edifício legal que a regule”, defendeu.
Ao longo da sua intervenção, o reitor da Universidade de Coimbra recordou a decisão da Assembleia da República, que permite que os institutos politécnicos passem a utilizar a designação de universidades politécnicas, sendo-lhes permitido, “mediante condições a determinar, que atribuíam o grau de doutor".
“Ao contrário do que a maioria das pessoas pensará, a mim pessoalmente, esta decisão da Assembleia da República não me incomoda particularmente. O que me incomoda é que tenha tido apenas seis votos contra e eu sei porquê, e isso sim, levanta-me muitas reservas”, sustentou.
No seu entender, “o efeito centrípeto das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, a disfuncionalidade da rede de instituições de ensino superior e, nalguns casos, a miopia ou a colocação de agendas pessoais de alguns responsáveis de topo acima dos interesses institucionais, poderá mesmo acabar mal”.
“E talvez até nem sejam precisos muitos anos. Por tudo isto, antevejo que os próximos largos meses tragam consigo muita agitação”, acrescentou.

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