Sector público da água acusado de estar viciado em subsídios e fundos europeus
Presidente da Associação das Empresas para o Sector do Ambiente, defende efectivo cumprimento do principio do utilizador pagador e o fim do uso da água como arma política em períodos eleitorais.
A Associação das Empresas Portuguesas para o Ambiente defendeu hoje que a redução de perdas de água é “fácil, barato e dá milhões” e garante uma nova fonte de consumo, e acusou o sector de estar “viciado” em subsídios.
“Reduzir perdas de água é fácil, é barato e dá milhões (…). É barato porque se consegue sem grandes investimentos reduzir as perdas de água; é fácil porque o conhecimento existe e dá milhões porque é de longe a forma mais rápida de garantir uma nova fonte de consumo” afirmou o presidente da Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente (AEPSA), Eduardo Marques.
O dirigente - que participou hoje como orador no debate de encerramento do Encontro Nacional de Entidades Gestoras da Água, em Gondomar – defendeu que é necessário criar condições para uma gestão empresarial das entidades gestoras do sector público, muitas delas economicamente insustentáveis.
“O sector da água em Portugal está viciado em subsídios e em fundos europeus, isso é uma realidade que tem de mudar de uma forma rápida. O único financiamento estrutural, a longo prazo e sustentável será o financiamento da eficiência e da boa gestão”, defendeu, explicando que os recursos financeiros devem ser gerados pela boa gestão.
Numa crítica à gestão municipalizada, o presidente da AEPSA advogou ainda que a gestão da água “tem de deixar de ser uma arma política em períodos eleitorais”, tendo de existir “coragem política para definir tarifas em regime de eficiência, que permitam a cobertura de custos”.
“Não podemos ter a água como um fato à medida de cada entidade gestora ou de cada município por razões eleitorais”, declarou.
No seu entender, para alcançar a sustentabilidade, deve ser incentivada a adesão efectiva à rede de abastecimento de água e saneamento, que actualmente já é obrigatória, nem que seja através de coimas.
Por outro lado, defende, Portugal deve garantir o cumprimento do principio do utilizador pagador, devendo a tarifa social ser utilizada para financiar apenas quem não tem como arcar com o aumentos dos custos.
“Não faz qualquer sentido haver uma tarifa universal, subsidiada para ser agradável do ponto de vista político”, rematou.