Maioria dos professores nunca falta ou falta pouco mas a média de faltas da classe é de dois milhões de dias por ano
Investigadores analisaram o absentismo entre a classe docente e o estudo mostra que todos os dias faltam, em média, onze mil docentes, afectando cinco mil turmas.
Os professores do ensino obrigatório faltam cerca de dois milhões de dias por ano, segundo um estudo que mostra que todos os dias faltam, em média, onze mil docentes nas escolas, afectando cinco mil turmas.
Uma equipa de investigadores do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa analisou o absentismo entre a classe docente ao longo de cinco anos e concluiu que, em média, os professores do ensino básico e secundário faltam “cerca de dois milhões de dia por ano”, contou à Lusa a coordenadora do estudo, Isabel Flores.
Em média, 11 mil docentes faltam diariamente ao trabalho e essa ausência significa que, todos os dias, cinco mil turmas são afectadas pela falta de, pelo menos, um professor, segundo o estudo “A realidade demográfica e laboral dos professores do ensino público em Portugal 2016/2017 – 2020/2021”.
Apesar da grandeza dos números, a grande maioria dos professores nunca falta ou falta menos de 10 dias por ano e por isso “nem é justa a ideia de imaginar que as escolas ficam abandonadas”, lê-se no estudo a que a Lusa teve acesso.
A professora Isabel Flores acrescenta que os níveis de absentismo entre os professores das escolas públicas são semelhantes aos das restantes classes da Administração Pública.
Entre 30% e 40% dos professores nunca faltam e outros 50% faltam menos de dez dias por ano, havendo um grupo de 10% que é responsável por 80% dos dias de faltas.
A saúde é o principal motivo das faltas e, em metade dos casos analisados, são doenças crónicas que justificam as ausências, mas também há muitos registos de doenças pontuais (25%).
Em declarações à Lusa, a professora sublinhou que o envelhecimento da classe docente acaba por ter influência no absentismo: Entre os 40 anos e os 55 anos os professores apresentam menos faltas de longa duração (5%), a partir dos 62 anos os casos aumentam exponencialmente (20%).
“A possibilidade de os professores terem faltas de longa duração é sete vezes maior entre os docentes que já tinham faltas de longa duração no ano anterior”, acrescentou.
As questões de saúde são a principal razão das faltas dos professores. Outros motivos como questões cívicas, incluindo a adesão a greves são pouco significativos: “No ano lectivo de 2017/2018, apesar de mediaticamente visíveis, as greves representaram apenas 4% das faltas”, lê-se no estudo.
E nas escolas, há cada vez menos alunos e mais professores. Ao longo dos cinco anos em análise verificou-se um aumento de professores contratados que foi equivalente à redução de efectivos.