Nacional | 04-08-2022 13:14

Afinal as águas residuais que estão a ser usadas para regas e lavagens devem ser tratadas primeiro

campo rega cultura trabalho

Aviso de investigadores surge depois de anos de utilização das águas das ETAR para regar jardins e lavar ruas em inúmeros municípios, entre os quais Ourém.

Investigadores estão a tentar remover pesticidas, fármacos e microplásticos das águas das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para que estas possam ser reaproveitadas e reutilizadas noutros fins, como a rega de campos agrícolas e desportivos. 

“Não tem sentido aproveitar as águas residuais tratadas para, por exemplo regar campos agrícolas, se as ETAR não removerem os poluentes”, afirmou à Lusa, Cristina Deleure Matos, investigadora do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). 

Embora a legislação “não o imponha” e as Estações de Tratamento de Águas Residuais não tenham sido “desenhadas” para remover poluentes como fármacos, pesticidas e microplásticos, é esse o propósito do projecto BioReset, que arrancou em Abril. 

“O facto de as ETAR não removerem os poluentes, tornam-se numa grande fonte de entrada no ambiente destes compostos que causam efeitos danosos nos organismos vivos”, salientou a investigadora. 

O alerta surge alguns anos depois da utilização daquelas águas para regar jardins e lavar ruas por parte de diversos municípios, com o incentivo e aplauso de organizações ambientalistas.  

Os investigadores do projecto BioReset dizem estar a desenvolver “metodologias analíticas” para a detecção e, consequentemente, remoção dos microplásticos da água, uma vez que, tanto para os pesticidas como para os fármacos, algumas metodologias já tinham sido validadas no decorrer do projecto europeu Rewater. 

“Esta temática foi iniciada no Rewater, que serviu de base para este novo projeto, no qual desenvolvemos alguma metodologia analítica para fazer a monitorização e estudar a região”, esclareceu Cristina Deleure Mato, coordenadora do Grupo de Reacção e Analises Químicas (GRAQ) do ISEP. 

Estas “metodologias analíticas” têm por base um diagnóstico, através do qual os investigadores tentam perceber quais os poluentes emergentes que têm de ser removidos e quais os métodos mais adequados para o fazer, até porque estas técnicas são “dispendiosas”. 

O objectivo é o mesmo: “reaproveitar as águas residuais, com segurança e sustentabilidade, para outros fins”, tais como a rega de campos agrícolas e desportivos (campos de golfe), mas também paisagísticas (zonas exteriores industriais e áreas residenciais). 

O reaproveitamento destas águas pode não ficar por aqui e estender-se, por exemplo, à limpeza de pavimentos, descarga de autoclismos, lavagem de automóveis e combate a incêndios. 

Ao longo dos próximos três anos, os investigadores do grupo integrado no REQUIMTE – Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV) do ISEP vão debruçar-se nesta matéria, que está a ser desencadeada em colaboração com Estações de Tratamento de Águas Residuais do grupo Águas do Centro Litoral, onde vai ser possível realizar estudos à escala piloto e real. 

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