Dieta altera genética de bactérias do intestino tornando-o mais permeável a infecções
A descoberta foi feita por investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência.
Investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) descobriram que a genética de bactérias intestinais pode ser alterada por uma alimentação pobre em fibras e tornar o intestino mais permeável a infecções e inflamações, foi hoje divulgado.
A descoberta, descrita na revista da especialidade Cell Host & Microbe, envolveu uma equipa liderada por Karina Xavier, que coordena o laboratório de Sinalização Bacteriana do IGC.
Para este trabalho foram usados ratinhos como modelo para avaliar o comportamento da bactéria ‘Bacteroides thetaiotaomicron’, uma das mais abundantes na microbiota intestinal humana (o ‘ecossistema’ de micróbios que povoam o intestino) e que tem como função principal degradar as fibras presentes em vegetais.
Já se sabia que um regime alimentar pobre em fibras é mau para os intestinos, uma vez que altera a variedade e o número de espécies de microrganismos que fazem parte da microbiota intestinal e que não só facilitam a digestão e a absorção dos alimentos, mas também mantêm o intestino saudável.
O que não se sabia, e que o estudo do IGC veio revelar, é que uma tal dieta altera igualmente a genética desses microrganismos, no caso a da bactéria ‘Bacteroides thetaiotaomicron’, que, ao ganhar mutações por falta de fibras para consumir, passa “a degradar de uma forma mais eficiente a mucosa intestinal”, tecido que reveste as paredes do intestino e que funciona como uma barreira contra infecções e inflamações.