Nacional | 27-03-2022 13:09

“Energia nuclear é limpa e é essencial para combater alterações climáticas”

FOTO ILUSTRATIVA – FOTO DR

Investigador do Campus Tecnológico e Nuclear, Eduardo Alves, diz que falta informar as pessoas. O MIRANTE editou em 2000 o livro “Energia Nuclear – Mitos e Realidades”

O investigador do Campus Tecnológico e Nuclear, Eduardo Alves defende que a energia nuclear é essencial para garantir a autonomia energética e combater as alterações climáticas, argumentando que é uma alternativa limpa e fiável à queima de combustíveis fósseis.

“O medo que as pessoas têm da energia nuclear deve-se ao desconhecimento. O grande mal é que desde o início da produção de energia eléctrica em reactores nucleares não houve preocupação de informar as pessoas. Era mais simples e barato queimar petróleo e carvão e agora sofremos as grandes consequências disso. Criámos toda a economia mundial à volta de combustíveis fósseis”, afirma o investigador em entrevista à agência Lusa.

Trata-se de uma energia que na produção é “completamente limpa, em que não há qualquer emissão de dióxido de carbono, poeiras ou outros resíduos para a atmosfera”, gerando, no entanto, resíduos radioactivos do combustível consumido.

A propósito do tema, O MIRANTE editou em 2000, o livro “Energia Nuclear – Mitos e Realidades”, da autoria dos cientistas Jaime Oliveira e Eduardo J. C. Martinho (natural da Chamusca e falecido no ano passado), com  ilustração de A. Falcão, que integra o Plano Nacional de Leitura e é recomendado para apoio a projectos relacionados com Temas Científicos no 3º ciclo de escolaridade e para Leitura Autónoma no Ensino Secundário.

No prefácio do livro, António Manuel Baptista, físico e divulgador de ciência natural de Almeirim, escreve: “A energia nuclear vai continuar a ser um tema actual e deve saudar-se o aparecimento deste livro como sinal de sanidade e da convicção de que pela ignorância não se chega a nenhum lado onde valha a pena ir. (…)”

Eduardo Alves sublinha também a necessidade de mais debate e esclarecimento e chama a atenção para o facto de Portugal consumir energia nuclear. “As pessoas não podem esconder a cabeça na areia. Na factura da electricidade descreve-se de onde vem a energia consumida em Portugal e está lá a nuclear, importada de Espanha e de França. Nós precisamos do nuclear”, considera.

O investigador defende que “para não prejudicar mais o ambiente, é preciso parar imediatamente de consumir combustíveis fósseis e neste momento, 60 a 70 por cento da energia mundial ainda é produzida a partir de petróleo, carvão e gás”.

As energias renováveis como a solar e eólica não permitem sustentar mais do que “10 por cento das necessidades”, salienta o investigador, frisando que é preciso “ter outra forma viável de produzir energia, e já”.

“A única que conhecemos, porque a tecnologia está testada, é a nuclear”, como atesta o modelo energético francês, que conta com 70% de electricidade produzida em centrais nucleares, defende Eduardo Alves.

As novas tecnologias de produção e os reactores de última geração permitem obter mais rendimento energético a partir da mesma quantidade de combustível e produzem menos resíduos com uma vida radioactiva na ordem dos 500 anos, muito inferior aos milhares de anos que tornam o armazenamento de combustível nuclear usado um problema que reconhecido e para o qual terá que se encontrar solução, pois existirão sempre resíduos radioactivos.

“A segurança e os resíduos radioactivos são a grande preocupação. Neste momento os reactores da nova geração permitem reduzir significativamente o volume desses resíduos pois eles são consumidos durante o funcionamento do reactor para gerar mais energia” e os novos reactores são construídos com “cada vez mais sistemas de segurança redundantes”, fruto das lições aprendidas com os três únicos acidentes nucleares de relevo da História: Three Mile Island, nos Estados Unidos em 1979, Chernobyl na União Soviética em 1986 e Fukushima, no Japão, em 2011.

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