Jovem morre em acidente de trabalho
A trágica cena seria normal entre ladrões de madeira na longínqua Amazónia, nunca na Chamusca.
A trágica cena seria normal entre ladrões de madeira na longínqua Amazónia, nunca na Chamusca. Por culpa da entidade patronal, pois em última instância a responsabilidade é sempre do “dono da obra”, um jovem de 24 anos é triturado num destroçador de resíduos. Como trabalhador a diferentes níveis sei o que é trabalho, a sua organização, a componente técnica, as boas práticas e os protocolos de higiene e segurança.
Nestes casos vem-me sempre à memória um fatídico caso passado há anos em Lisboa: no Campo Grande, um jovem morre ao premir o botão do semáforo. De um lado, uns pais enlutados e revoltados pela incúria que lhes matou o filho, do outro a Câmara de Lisboa e o seu peso político capaz de mover tribunais e juízes. Ao fim de anos nas barras dos tribunais o caso encerra pela condenação do culpado: um servente de pedreiro que era o responsável técnico da multinacional encarregue da manutenção.
Esta semana O MIRANTE noticiou a morte de um jovem no Ecoparque do Relvão e, antecipo, todos vão sacudir a água do capote. Não vou tecer considerações, há um jovem morto, uma desgraça para familiares e amigos, chega. Tenho uma certeza: impreparação, excesso de confiança, voluntarismo, más práticas profissionais, pressão do trabalho, tudo. A menos que se prove que foi suicídio, culpa total da entidade profissional.
Rui Figueiredo Jacinto