O que será da nossa vida cultural sem as noites de fados dos bombeiros?!
Na região há algumas salas de espectáculos. São poucas, mas algumas são modernas, custaram milhões e estão bem equipadas.
Na região há algumas salas de espectáculos. São poucas, mas algumas são modernas, custaram milhões e estão bem equipadas. O único problema é não se fazerem lá espectáculos ou fazerem-se muito raramente.
Quem fez salas de espectáculos, na maior parte dos casos, foram as câmaras municipais. Quem contrata espectáculos para as mesmas são, na maior parte dos casos, as câmaras municipais. A programação é feita pelos vereadores, na maior parte dos casos, com base nos seus gostos pessoais ou dos amigos e no preço dos artistas.
Faz-se um espectáculo por mês, nas salas com maior actividade e apenas em nove meses por ano porque nos meses de Verão não se programa nada porque há as festas da cidade, do concelho ou da padroeira.
Para os raros espectáculos nas poucas salas são normalmente contratados contadores de piadas a solo e um ou outro cantor, a solo ou com menos de metade dos músicos habituais...para ficar mais barato. Os políticos locais são cidadãos como os outros. Pessoas simples, com mais apetite por obras do que por cultura.
Há dias o maestro António Vitorino d’Almeida, dizia ao DN, numa daquelas entrevistas de Verão, que Lisboa não era uma capital europeia por falta de oferta cultural. Que dizer de uma cidade como Santarém, por exemplo, capital de uma região, que nem uma programação regular tem para uma sala de 200 lugares que, diga-se em abono da verdade, nem sequer esgota quando lá se realiza um concerto.
Quem vivia na região e gostava de ter vida cultural foi viver para Lisboa ou vai a Lisboa para usufruir do que lá existe. Quanto aos restantes cidadãos basta-lhes as tais festas de aldeia, com quermesse, petiscos e música pimba.
O que lamento é que estejam a desaparecer as noites de fados das colectividades e dos bombeiros porque essas sim, eram a essência da vida cultural das nossas terras. E tinham público, talvez por servirem caldo verde com broa, azeitonas e vinho tinto.
Rui Ricardo