Portugal a preto e branco
Neste momento não há professores nas bolsas de recrutamento. Às ofertas de escola concorrem já pessoas sem formação académica, já sem referir a formação profissional, que é o expectável que TODOS os professores tenham.
Vivem-se momentos de tensão em Portugal. As decisões políticas têm afetado a forma com que os portugueses olham para o dinheiro, para a saúde, para a educação, e, até mesmo, uns para os outros.
É bem sabido que os conflitos bélicos que assolam a Europa provocam instabilidade a nível mundial, contudo, parece-me que já é tempo dos nossos governantes pararem de culpabilizar os demais pelas suas próprias escolhas e decisões.
A nível financeiro, enfrenta-se uma nova crise: rendas altíssimas, em apartamentos minúsculos e, muitas vezes, sem condições de habitabilidade; os juros das prestações bancárias têm subido de forma exponencial e o aumento em termos de euros ultrapassa, na maioria dos casos, os 200 euros – o que corresponde a basicamente 1/3 do ordenado mínimo nacional…
Ao nível da saúde, temos rececionistas a realizarem exames de rotina, electrocardiogramas e outros afins, os técnicos especializados, com formação superior não são valorizados nas suas carreiras e os vencimentos que auferem, na maior parte das vezes, são mais baixos do que os oferecidos aos caixas de supermercado, cujos estudos não têm de ir além do 12.º ano.
E, já que mencionei o 12.º ano, ocorreu-me que o preciso ano letivo marca o início do fim da educação, tal como a conhecemos desde há décadas atrás.
Neste momento não há professores nas bolsas de recrutamento. Às ofertas de escola concorrem já pessoas sem formação académica, já sem referir a formação profissional, que é o expectável que TODOS os professores tenham. Soube, há muito pouco tempo, que há já uma pessoa a leccionar, a ensinar, com apenas o 12.º ano – a entreter alunos, penso que será esta a melhor definição…
Mas será que é mesmo isto que queremos para o nosso país? Será que temos de sofrer sempre os danos colaterais do que se passa ao nosso redor? Será que queremos ser ensinados por pessoas sem habilitações para o efeito? – Tremo só de pensar que uma pessoa destas está, neste preciso momento, junto dos futuros médicos, professores, arquitetos, juízes, e demais profissões que exigem graus de especialização…
Portugal deixou de ter cor, nem as suas costas magníficas são suficientes para pintar de tom de azul uma nação onde tudo está a ficar a preto e branco.