Ética e verdade no Desporto
Sigo o vosso jornal e li a notícia sobre Bruno Alves e a sua participação na competição [campeonato europeu de jiu-jitsu].
Sigo o vosso jornal e li a notícia sobre Bruno Alves e a sua participação na competição [campeonato europeu de jiu-jitsu]. Sendo, também eu, praticante desta modalidade e tendo participado na mesma competição considero que devo partilhar alguns detalhes que, provavelmente, não vos foram facultados. Detalhes esses que são do conhecimento de quem está ligado à modalidade, mas que dificilmente são do conhecimento geral.
Este campeonato, embora designado por europeu, teve como participantes mais de 90% de portugueses e alguns cidadãos brasileiros a viver em Portugal. Nesta modalidade os atletas inscrevem-se e participam divididos por categorias de faixa, idade e peso. No caso dos Masters (idade acima dos 35 e que é o caso do Bruno Alves) isto pode resultar em chaves de 1, 2, 3 atletas. O que significa que alguém pode ganhar o primeiro lugar fazendo uma luta, duas lutas ou nenhuma. O Bruno Alves fez uma luta no chamado Absoluto, mas na sua categoria, como é referido na notícia, foi campeão sem fazer qualquer luta. Não havia mais atletas na sua categoria (faixa roxa, master 3, pesado). Como não é proibido ficar sozinho na categoria e receber a medalha o Bruno Alves assim o fez. Contudo, a competição permite a todos os atletas mudarem de categoria ou pedir o reembolso da inscrição quando tal acontece.
O que disse acima foi o que eu fiz, por exemplo. Na minha categoria de idade não tinha adversária. Podia fazer como o Bruno Alves e seria campeã europeia de Jiu Jitsu Brasileiro. Sem ter lutado. Em vez disso, pedi para descer para a categoria de idade abaixo da minha, que tinha mais duas pessoas inscritas. E assim participei e lutei.
Porque já me alonguei demasiado, quero só partilhar convosco que estes detalhes colocam em discussão a ética e a verdade que o Desporto deve promover e assegurar. Isso também cabe aos próprios atletas. Não apenas às instituições.
Liliana Vasques