O MIRANTE dos Leitores | 18-11-2023 07:00

Histórias de Santarém e da região

Concretizar algo que nem tampouco foi um sonho, aconteceu ao ler O MIRANTE no dia 9. Santarém (ca 1956), Largo de Marvila, ao canto, lado oposto à garagem do Joaquim Mata (Socele?). Uma firma de motores e rádios, um miúdo filho de um amigo da casa que lá passa o período das férias para não causar danos externos. O senhor Matias trata dos motores, o senhor Marciano trata dos rádios. O primeiro reformado da Força Aérea, o segundo do Exército.
O miúdo gosta não sei de quê, mas encanta-se a ver o senhor Marciano a mexer nos rádios. Um dia pára à porta um reluzente Anglia, o condutor vem pedir ajuda, é o senhor Fino (Alpiarça) que vem trazer o seu “potente” rádio para arranjo. Bem protegido, quando lhe tiram o grosso cobertor de lã aparece um polido Philips que parece ter saído de fábrica, é cuidadosamente colocado numa mesa. O senhor fino mostra o defeito, o rádio só dá um débil ruído e não muda de estação, o senhor Marciano, na sua voz envergonhada acrescenta, é o cordel do mostrador partido!
Havia uma cliente frequente, a Dona Aninhas, uma feirante exímia na promoção da banha da cobra, entretanto obscurecida pela pomada da China, muito mais barata. E uma visita frequente, o senhor prof. Martinho. Sempre apressado, sempre muito activo, sempre muito “professor”. Mais do que o pedagogo ou o radioamador, ele gosta de electrónica, ele sabe de electrónica.
Na cidade há outros fãs da rádio, na minha rua tenho a Rádio Ribatejo e o meu vizinho Jaime Varela Santos, no centro o Garcia, e recordo à entrada do Cartaxo, o Fragoso de Almeida (médico), e à saída o Francisco Marcelino (CT0??). Mas o miúdo gostava mais da outra electrónica, o amadorismo da época era de pedinchice, só dava para os verdadeiros puritanos, o miúdo queria fazer da electrónica o seu modo de vida, tinha outras exigências, e isso era incompatível com a Santarém de então, afinal nem Lisboa foi suficiente.
Caro João Martinho, parabéns, está na mesma, reconhecê-lo-ia de imediato. Na nossa idade nada se promete, mas creia, tudo farei para lhe dar um abraço, e vou procurar na garagem algumas “guloseimas” para estimular os seus jovens à tecnologia, não velharias, mas uma “BOM” atual. E obrigado pelo tempo que me dedicou, acredite, valeu a pena.
Rui Figueiredo Jacinto

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