O MIRANTE dos Leitores | 30-01-2024 21:00

Como proteger Alhandra e Vila Franca face à ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Porto?

É por demais evidente o interesse de avançar, tão depressa (e bem) quanto possível, com o projecto de ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa - Porto.

É por demais evidente o interesse de avançar, tão depressa (e bem) quanto possível, com o projecto de ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa - Porto. Para isso, é preciso completar a fase de projecto e garantir a sua sustentabilidade, por maioria de razão num país de escassos recursos, em que as autarquias não se esquecem de reivindicar os seus direitos. No entanto, se for respeitado o princípio de que os interesses regionais não podem sobrepor-se aos interesses nacionais, os dados, há muito recolhidos, permitirão avançar rapidamente com a execução do projecto. Dito isto, é evidente que os impactes sobre as populações locais, por menores que sejam, têm de ser reconhecidos, avaliados e, na medida do possível, compensados.
Há que recordar que, há já cerca de 15 anos, foi efectuado um primeiro estudo e respectiva avaliação de impacte ambiental, para a alta velocidade entre Lisboa e o Porto, cujas conclusões incluíam a necessidade de recorrer à construção de um conjunto de túneis e viadutos, em particular no troço de saída da gare do Oriente até à zona do Carregado. Porém, posteriormente, o Governo decidiu negar essa solução apostando em alinhar as novas linhas em paralelo com as duas linhas já existentes. E, estranhamente, para além da muito controversa escolha da bitola ibérica, nada mais parece ter sido feito até hoje, a ponto de já estar em causa agora a “pequena” ajuda da União Europeia para este projecto: 729 milhões de euros.
No pressuposto de que ainda vamos a tempo, sopesadas as vantagens e inconvenientes de todo o projecto, o Governo não poderá abandonar à sua sorte as populações, os valores e a magia dos locais que vão ser vítimas deste projecto. A Avenida Afonso de Albuquerque (a única avenida de Alhandra) não pode ver a sua largura actual reduzida a metade! Imagine-se o desconforto dos moradores da Avenida ao suportar um aumento brutal do ruído!
E o que dizer da jóia da coroa, o jardim de Vila Franca, à beira rio plantado, agora condenado a ser transformado numa ridícula faixa empurrada contra o Rio Tejo, no local outrora cantado por Almeida Garrett? Vai Vila Franca perder o melhor que tem?
Regressando ao princípio e às condições do projecto, se, avaliados seriamente todos os impactes, se verificar que o interesse nacional é mais importante, o projecto deve avançar.
Mas não sem ter em conta que este não é o único projecto a desenvolver em breve nesta zona. O novo aeroporto (que acabará por avançar), a ligação ferroviária Lisboa - Madrid e a nova travessia prevista do Tejo, são projectos que, avaliados globalmente, de forma integrada, poderão proporcionar soluções mútuas mais pacíficas para as pessoas e para o ambiente. Caso contrário, há que perguntar – que mal fizeram os habitantes de Alhandra e Vila Franca para merecerem tal castigo?
João Rosa

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