Apresentação do livro "O Processo - Tentativas de condicionamento da informação em Portugal".
Orlando Raimundo é o autor do livro "O Processo - Tentativas de condicionamento da informação em Portugal", editado pela Rosmaninho Editora de Arte.
O jornalista Orlando Raimundo destacou a “coragem” que a administração de O MIRANTE teve ao longo dos processos movidos pelo advogado de Santarém Oliveira Domingos, referindo que “não é fácil, quando se tem a corda na garganta”, resistir às injustiças causadas pelo recurso aos tribunais a pretexto de episódios que classifica como caricatos.
Orlando Raimundo é o autor do livro "O Processo - Tentativas de condicionamento da informação em Portugal", editado pela Rosmaninho Editora de Arte, apresentado na tarde de quarta-feira, 19 de Setembro, na sede de O MIRANTE em Santarém. A obra começa por relatar um processo movido pelo advogado Oliveira Domingos a O MIRANTE, devido ao jornal ter noticiado, em 6 de Janeiro de 2010, que o causídico, enquanto avençado da Câmara de Santarém, exigia o pagamento de muitos milhares de euros ao município.
Invocando o espírito crítico do escritor Eça de Queiroz, Orlando Raimundo não poupou o sistema judicial, referindo que hoje, mais de cem anos depois dos tempos em que Eça arrasava a sociedade portuguesa, “passou-se da monarquia clerical para a república dos juízes”. O que considera “perigoso e preocupante”.
“O que está aqui em causa é a capacidade de um advogado espertalhão que montou uma artimanha que esteve prestes a resultar” e que, tendo sucesso, poderia significar o fim do jornal, dado o elevado montante da indemnização pedida e que chegou a envolver números na ordem dos milhões de euros, conforme se relata na obra.
O antigo jornalista do Expresso confessou-se “muito orgulhoso por ter contribuído para esta pedrada no charco”. Porque se a justiça entretanto, e após alguns recursos, funcionou em prol da liberdade de expressão, ainda que “ao fim de muito esforço e dinheiro”, havia uma parte que faltava: a de transmitir para a opinião pública o que habitualmente não sai dos corredores dos tribunais.
O livro tem como ponto de partida os processos movidos pelo advogado Oliveira Domingos contra a administração, direcção e jornalistas de O MIRANTE mas aborda também outros episódios relacionados com a comunicação social e a liberdade de imprensa.
“Um caso exemplar, pela negativa, que irá perdurar como uma mancha negra na História do Jornalismo e da Justiça em Portugal”, como se sintetiza na contracapa do livro.