“Após quatro décadas de aplicação de fundos comunitários os resultados não são os melhores”

A região tem crescido pouco em comparação com outras. E com excepção de Santarém e mais quatro ou cinco concelhos, que têm bons indicadores económicos, os restantes concelhos têm indicadores abaixo da média nacional.
Sou um regionalista convicto e tenho defendido a criação de regiões administrativas. Acredito que são um patamar privilegiado para intervenção cívica, reforçando a posição do poder local no cumprimento daquilo que é o princípio da subsidiariedade. No que respeita à região de Santarém, é aceite por todos que há necessidade de criar uma nova NUTII que englobe os municípios do Ribatejo e Oeste, aliás como o próprio Governo já solicitou à Comissão Europeia, integrando os municípios das comunidades intermunicipais do Médio Tejo, da Lezíria do Tejo e do Oeste.
Gosto de encarar as coisas pelo lado positivo e esperar sempre por um desfecho favorável, mesmo em situações muito difíceis. O optimismo é o meu estado natural. Costumo dizer que quando nos unimos nas dificuldades, não há obstáculo que não possa ser transposto ou dificuldade que não possa ser superada. E como se diz na gíria: “o pessimismo é um luxo dos países ricos”.
Os últimos anos ensinaram-nos que as previsões do futuro nos surpreendem ao minuto e, por isso, são apenas e só previsões. Por isso, quando falo de futuro, gosto sempre de falar de esperança, de resiliência. Prefiro descobrir hoje o que importará amanhã e, nessa perspectiva, criar condições para ajudar as organizações e as pessoas a concretizarem a transformação de que necessitam para acompanharem o futuro, que chega rapidamente.
Após quase quatro décadas de aplicação dos fundos comunitários em Portugal, os resultados não são os melhores. A competitividade, o crescimento e a convergência da economia para o nível dos países mais avançados são muito modestos. Temos que ter uma maior capacidade de definir as políticas que correspondam às necessidades da economia e sejam adequadas ao contexto comunitário e internacional. Não podemos usar fundos europeus para substituir investimento interno. Devemos usá-los como investimento adicional, de apoio ao desenvolvimento.
Devemos ter especial cuidado na utilização dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. Embora a maior parte das verbas sejam atribuídas a entidades públicas, esse capital que o país vai receber chegará também ao sector privado e constitui um poderoso instrumento para o reforço da competitividade das empresas e da solidez dos seus balanços. As empresas portuguesas vão poder ganhar escala, reforçar a sua capacidade exportadora e investir mais na inovação, na digitalização e na sustentabilidade.
A eventual construção do novo aeroporto no concelho de Santarém será importante para toda a região Centro e Área Metropolitana de Lisboa. Aquela infra-estrutura promove a coesão territorial e permitirá a resolução de um conjunto de problemas nas acessibilidades de um concelho que é servido por três auto-estradas (A1, A10 e A15) e que há muito reivindica uma ligação à A1 na zona norte. Estamos no centro de um nó ferro/rodoviário muito importante. Acredito que Santarém será a solução escolhida pelo Governo.
A região teve vários sucessos, como a construção de algumas infra-estruturas importantes. Infelizmente nenhum conseguiu ter um efeito multiplicador e acelerador na economia da região, o que nos leva a ter dos piores indicadores económicos nas duas NUTIII do distrito de Santarém. Que mais investimentos venham para a região, pois acredito que podemos inverter definitivamente esse indicador.
Nos últimos 35 anos a região cresceu pouco em comparação com outras. E com excepção de Santarém e mais quatro cinco concelhos, que têm bons indicadores económicos, os restantes concelhos têm a maioria dos indicadores económicos muito abaixo média nacional. Isso prejudica muito a região como um todo.
Percebemos que a informação municipal nem sempre chega à maioria dos destinatários. Hoje existem muitas formas de comunicar e isso também leva as pessoas a dispersar a sua atenção. Gostaria que na região existisse um Canal Santarém à semelhança do Porto Canal.