O MIRANTE | 17-11-2022 19:00

“Os principais entraves ao desenvolvimento estão associados ao receio de perda das identidades concelhias”

“Os principais entraves ao desenvolvimento estão associados ao receio de perda das identidades concelhias”
ESPECIAL 35 ANOS DE O MIRANTE
Casimiro Francisco Ramos, Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo

A população envelhecida cresce em toda a região, que se vê com desafios acrescidos ao nível dos cuidados de saúde e de assistência social, que obrigarão a mudar, a curto prazo, o paradigma da relação entre instituições e utentes.

A região tem boas acessibilidades e qualidade de vida. Aqui existe de tudo o que as áreas metropolitanas dispõem e, ao mesmo tempo, um ambiente saudável e de pessoas acolhedoras e simpáticas.

Uma região consistente necessita de estratégias regionais. Ou seja, a interligação de projectos concelhios que se complementem e dêem maior dimensão e abrangência territorial. Os principais entraves estão normalmente associados ao receio de perda das identidades concelhias. Esta é uma cultura centenária comum em quase todo o país e que muitas das vezes é o degrau que falta escalar para juntar sinergias e fazer coisas de que todos beneficiam, projectando assim uma identidade regional consistente e coesa.

Desde que estou na região senti-me mais optimista a partir da primeira quinzena de Fevereiro de 2022. A actividade hospitalar começou a recuperar, a pandemia ficou controlada, e as pessoas voltaram a uma normalidade possível na vida. No entanto, no dia 24 de Fevereiro com o início da guerra às portas da Europa, tudo mudou.

Encaro a proposta da construção do aeroporto em Santarém como mais uma a ser estudada. A questão que nunca tem ficado clara para as populações é como são ponderados os critérios de escolha de uma localização. Ou seja, o que é mais importante para a escolha do local, e qual a ponderação dos restantes critérios. O que é que na realidade se pretende?

Um aeroporto próximo da capital, ou mais próximo de Espanha (como Beja)?

Que tenha menos custos de construção, ou menor impacto ambiental?

Acompanhei de perto a hipótese da Ota e todo o processo foi muito desgastante, depois de tudo apontar que, finalmente, haveria aeroporto. Se foi melhor não ter sido escolhida essa opção não o comento. Mas há um tempo para planear, para estudar, para analisar, para avaliar. E tem de haver outro tempo para decidir. Não podemos estar sempre a andar à roda. Espero que o anúncio da possibilidade de Santarém não desencadeie um movimento especulativo de terrenos na região, à semelhança do que aconteceu, por exemplo, em Ota, Alcochete e Montijo.

A nível positivo na região, nos últimos trinta anos, destaco a construção da A23 e a criação do Centro Hospitalar do Médio Tejo. Foi um desafio de agregação notável dos três hospitais. A forma como o modelo acabou por ser implementado, apesar das suas limitações, tem permitido, através da concentração e especialização de recursos, dar uma melhor resposta hospitalar, quer ao nível da qualidade dos cuidados prestados, quer ao nível da diferenciação e diversidade.

Apesar dos esforços das autarquias e de outros agentes para reter jovens e profissionais qualificados, tal desígnio não tem sido atingido. Se por um lado a A23 veio permitir uma maior mobilidade entre as populações e o resto do país, o valor das portagens a pagar é uma fatia nos orçamentos familiares que tem peso na tomada de decisões sobre a vida futura. A população envelhecida cresce em toda a região, que se vê com desafios acrescidos ao nível dos cuidados de saúde e de assistência social, que obrigarão a mudar, a curto prazo, o paradigma da relação entre instituições e utentes.

O problema dos fundos comunitários não é saber se conseguimos viver sem eles, mas sim o que não conseguimos fazer com os que já recebemos. Acho que nunca foi bem passada a mensagem de que os fundos comunitários eram “uma ajuda” – e não uma fonte de rendimentos a perdurar no tempo. As ajudas devem ser utilizadas para investimentos estruturantes (públicos ou privados), que permitam um futuro de crescimento sustentável. As organizações que percebam isso vão ter dificuldades, porque os fundos comunitários serão de dotações cada vez mais decrescentes.

Não sou grande utilizador das redes sociais e, como tal, em muitas coisas não estou dependente dos algoritmos. No entanto subscrevo algumas páginas de órgãos de comunicação social para aceder rapidamente e em primeira mão às noticias que são publicadas. A nível da comunicação do CHMT temos uma equipa de comunicação fantástica e competente, que está em actividade constante, procurando sempre melhorar.

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