“Adiamento da regionalização inviabilizou regiões mais coesas, mais desenvolvidas e mais preparadas para o futuro”

Temos a opção certa, no nosso território, para a localização do novo aeroporto. Por isso consideramos que a decisão tomada deveria ter sido concretizada atempadamente em função das decisões que foram tomadas em 2008 pelo Conselho de Ministros da altura. Acreditamos que a melhor opção é o campo de Tiro da Força Aérea, no concelho de Benavente.
A que se refere exactamente, quando fala da região?
Refiro-me ao território que se identifica com a nossa identidade, com o Ribatejo, com as afinidades, e inserida no âmbito de estratégias comuns que perseguimos para o nosso processo de desenvolvimento na Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo.
O que considera ser necessário fazer para dar mais consistência à região?
Seria fundamental o processo da regionalização tendo em conta que dependemos administrativamente da CCDR LVT e, em termos de fundos comunitários para o processo de desenvolvimento, dependemos da CCDR Alentejo. É algo perfeitamente inaceitável. Penso que haveria a necessidade de clarificar esta situação, seja com a construção de uma nova NUT 2 que agregue as NUT 3 da Lezíria, Médio Tejo e Oeste.
Nos tempos de incerteza como os actuais, tem uma ideia do que será o futuro?
Não é possível trabalhar sem ter uma perspectiva de futuro, embora cada vez mais o futuro se torne uma incerteza. Os momentos que vivemos recentemente com a pandemia ou a guerra alteraram profundamente todo o equilíbrio geoestratégico do mundo e por isso torna-se difícil definir, mas é muito importante percebermos o que pretendemos. O futuro constrói-se no presente e com a experiência e os ensinamentos do passado.
Como encara a notícia do interesse de um grupo de investidores privados em fazer um aeroporto em Santarém?
Temos a opção certa, desde há muito, no nosso território para a localização do novo aeroporto, por isso consideramos que a decisão tomada deveria ter sido concretizada atempadamente em função das decisões que foram tomadas em 2008 pelo Conselho de Ministros da altura. É sempre bom podermos tomar as melhores opções, mas acreditamos que a melhor opção é o campo de Tiro da Força Aérea, no concelho de Benavente.
E vale a pena olhar para tudo o que já se passou com este processo de escolha da localização?
Vale sempre a pena olhar para o passado, porque o passado diz-nos como esta questão foi tratada. Nesse sentido, importam os ensinamentos que temos que reter para que não se voltem a repetir erros e para que sejam tomadas as decisões objectivas para a construção de uma infra-estrutura que é fundamental para o país.
Segundo o relatório “A coesão na Europa no horizonte de 2050”, divulgado em Fevereiro, Portugal é o país da União Europeia mais dependente dos fundos europeus. Será que já não conseguimos fazer nada sem os fundos comunitários?
Efectivamente a adesão à União Europeia impôs-nos um conjunto de regras que nos tornam muito dependentes do exterior. Os fundos comunitários têm sido importantes para o desenvolvimento, porém, a aplicação desses fundos não permitiram que o País pudesse aumentar a sua produção, deixando-nos muito dependentes dos fundos comunitários para conseguirmos dar respostas que são necessárias para o desenvolvimento económico e social e outros. Consideramos que o adiamento do processo de regionalização do país, inviabilizou que pudéssemos ter tido regiões mais coesas, mais desenvolvidas e mais preparadas para o futuro. Uma significativa parte da população recebe informação seleccionada por algoritmos e difundida automaticamente pelas redes sociais.
É o seu caso? Como selecciona a informação que lhe pode ser útil?
Ainda procuro a informação de forma tradicional e, de alguma forma, consigo distanciar-me do que é a informação manipulada. Não tenho redes sociais.