O MIRANTE | 18-11-2022 16:23

“Somos duplamente penalizados porque sofremos o peso da interioridade e não contamos para as políticas de coesão territorial”

“Somos duplamente penalizados porque sofremos o peso da interioridade e não contamos para as políticas de coesão territorial”
ESPECIAL 35 ANOS DE O MIRANTE
João Ferreira Heitor Presidente da Câmara Municipal do Cartaxo

É importante sabermos que papel é que os fundos comunitários tiveram no fomento da produtividade, na criação de valor para as empresas e na criação de trabalho sustentável.

Os maiores sucessos da região têm sido os obtidos pelas empresas e pelas pessoas e é assim que deve ser. Os empresários souberam entender que a posição central do Ribatejo no país é uma mais valia e que a abundância e o acesso a recursos naturais lhes é essencial.

Nos últimos 35 anos a região deu um salto de gigante na educação, no apoio social e na construção de infra-estruturas. O progresso é de realçar porque partiu de uma situação muito deficitária no nível académico e de formação dos recursos humanos, de falta de vias de ligação ao resto do país, de infra-estruturas básicas.

Fracassámos na afirmação do Ribatejo enquanto marca nacional e internacional. Há aqui um enorme caminho a percorrer. Este trabalho tem de ser feito com o mesmo esforço que colocamos na procura de empresas e de pessoas para se fixarem nos nossos municípios. Uma identidade forte e clara é imprescindível à afirmação e à valorização da região.

Às instituições, aos municípios, cabe a responsabilidade de promover a região junto dos investidores. E cabe-lhes também dotá-la de condições, de qualidade de vida, de formação técnica, de apoio às famílias, que permita a fixação dos melhores recursos humanos no seu território. E é isso que tem sido feito.

Quando falo da nossa região refiro-me aos onze municípios que integram a Lezíria do Tejo, mas também aos municípios do Médio Tejo e do Oeste. Para projectar o futuro da região temos de pensar para além dos limites de território. Temos de assumir que somos maiores do que o tamanho que temos no mapa e é essa grandeza que nos poderá elevar a região de excelência no país.

Há duas coisas que entravam o desenvolvimento da região. A primeira é a resistência do poder central em transferir poder para os municípios e a segunda é a demora dos municípios em fazerem da adopção de estratégias comuns, o foco da sua acção. E uma depende da outra. Se queremos crescer como região precisamos resolver estes dois entraves.

A proximidade geográfica ao centro de decisão política e estratégica do país não nos tem beneficiado. Somos duplamente penalizados. Sofremos o peso da interioridade e não contamos para as políticas de coesão territorial. Para que a região seja consistente também é urgente alterar esta realidade.

A região precisa de um instrumento essencial um plano global estratégico a médio e longo prazo. Um plano que parta do retrato do presente, que identifique macro tendências e que nos coloque, municípios e empresas, a trabalhar para um objectivo comum.

A região não se cumpre apenas na agricultura, mas considero que a agricultura é a âncora do desenvolvimento. Somos um território que faz do respeito pela terra e pelo ambiente, da qualidade de vida para as famílias, factores de atracção de recursos humanos qualificados, de novos residentes e de visitantes.

Ter investimento privado interessado em construir um aeroporto em Santarém é uma das melhores notícias que o centro do país, do interior ao litoral, poderia ter tido. É uma notícia de esperança e optimismo para o crescimento económico, para a competitividade da região, tanto no que respeita à fixação de empresas, como de pessoas. É essencial que a defesa desta solução seja feita a uma só voz.

Portugal tem de ganhar independência financeira, mas os fundos comunitários servem para apoiar a construção de uma Europa mais competitiva. A grande questão é o uso desse investimento na criação da independência financeira e no crescimento da economia do país, que todos ambicionamos. O que temos que saber é que papel os fundos recebidos tiveram no fomento da produtividade, na criação de valor para as empresas e na criação de trabalho sustentável.

As redes sociais são incontornáveis. E as instituições, responsáveis por informar as pessoas, também as devem usar para que nas redes sociais continue a circular informação fidedigna. Utilizo as redes sociais no meu dia-a-dia, mas tenho a preocupação de seleccionar as contas que sigo e de consultar jornais, revistas e rádios que têm presença online com sites próprios, nomeadamente O MIRANTE, sem depender do que os algoritmos decidem mostrar-me.

Informar as pessoas é uma obrigação das instituições e a responsabilidade é maior quando se trata de instituições que tomam decisões com implicações nas suas vidas. Asseguro que a informação que chega aos munícipes é transparente, concreta e verdadeira. Usamos diferentes canais e plataformas para que possamos chegar ao maior número de pessoas mas, como em outras áreas, queremos reforçar este trabalho.

Deixo uma mensagem de reconhecimento ao jornal O MIRANTE. A quem o dirige e tem conduzido ao longo de tantos anos de vida, aos jornalistas e a todos os técnicos que o constroem dia-a-dia estando presentes em toda a região. Vida longa e muito sucesso. A região precisa de comunicação social forte e independente.

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