O MIRANTE | 19-11-2022 08:00

“É urgente convencer os jovens que vão estudar para os grandes centros a voltarem ao interior”

“É urgente convencer os jovens que vão estudar para os grandes centros a voltarem ao interior”
ESPECIAL 35 ANOS DE O MIRANTE
António Carlos da Costa Camilo Presidente da Câmara Municipal da Golegã

A falta de investimento potencia o fracasso da descentralização. Deve ser dada prioridade a obras que não foram feitas, como a conclusão da A13 e a requalificação da Ponte da Chamusca ou a construção de uma nova travessia.

Precisamos de apostar na formação do capital humano e pensar em práticas mais eficazes de qualificação profissional. Os Cursos Profissionais são importantes neste aspecto e na Golegã estamos a trabalhar nisso, com a criação do 1º Curso Técnico Profissional de Gestão Equina. Isto traduz-se num verdadeiro motor de desenvolvimento local, tornando a zona mais atractiva para a fixação de empresas. Claro que o maior entrave são os grandes investimentos que isto acarreta, mas tudo isto fará girar a economia.

É urgente convencer os jovens ribatejanos que vão estudar para os grandes centros urbanos a voltarem para o interior do país. É importante explicar-lhes que o seu conhecimento é necessário para a região.

Somos uma região extremamente rica em património, com alguns dos mais belos exemplares arquitectónicos do país. E temos importantes rotas culturais que contam a história dos nossos antepassados. A par disto, temos o privilégio de vivermos ladeados por paisagens quase incomparáveis, que estão em perfeita harmonia com o nosso ex-libris: o cavalo lusitano. Somos o “Encanto do Ribatejo”.

Sou um optimista por natureza mas destaco o dia 26 Setembro de 2021, dia das eleições autárquicas (e os dias que se lhe seguiram) como um dia especial. Foi quando me senti particularmente esperançoso e positivo. Muitas pessoas tinham-me confiado um cargo de muita responsabilidade e isso deixou-me muito feliz.

Não faço futurologia, mas considero-me um visionário. Só acreditando e trabalhando em projectos inovadores, com foco e dedicação, é que conseguimos atingir os nossos objectivos. Por isso sou muito optimista em relação ao futuro da nossa região. Trabalhamos todos os dias para o desenvolvimento da nossa comunidade e economia local, valorizando e potenciando o melhor que temos por cá.

A proposta de um aeroporto em Santarém foi discutida no âmbito da CIMLT, mas temos um longo caminho até termos uma opinião concreta. No entanto é um dado adquirido que caso venha a ser uma realidade será, sem margem para dúvida, uma mais-valia e uma forte alavanca para as economias dos concelhos envolventes.

No Ribatejo apostou-se no reforço das empresas que contribuem para a produção e para o crescimento da economia. Tratando-se de uma região fora da orla marítima, a maior aposta passou na valorização das culturas e tradições das gentes do Ribatejo, bem como a criação de ‘clusters’. No caso da Golegã é o cavalo, elevando o turismo como marca da promoção e desenvolvimento económico. As vias de comunicação também foram importantes.

A falta de investimento na região constitui uma preocupação de há muito tempo e isso potencia o fracasso da descentralização. Por outro lado, devemos ter como prioridade as grandes obras que não foram feitas, como a conclusão da A13 e a requalificação da ponte da Chamusca ou uma travessia sobre o Rio Tejo muito próxima desta.

Os fundos comunitários têm um papel incontornável em contexto social e económico e são uma óptima oportunidade para o desenvolvimento regional. Com os fundos comunitários tornámo-nos mais atractivos, competitivos e inovadores o que, de outra forma, não seria possível. Devemos saber aproveitá-los pois o objectivo destes fundos, numa Europa a 27, é promover o investimento na criação de emprego e numa economia e ambiente sustentáveis e saudáveis.

Uma significativa parte da população recebe informação seleccionada por algoritmos e difundida automaticamente pelas redes sociais. Os algoritmos são a nova realidade, fazendo parte da digitalização das nossas vidas, e eu não sou excepção. De uma forma geral, costumo fazer pesquisas de forma anónima para que o conteúdo não seja demasiado rastreado e tento ler informações de várias fontes para não me chegar notícias tão polarizadas.

Penso que o meu trabalho chega aos cidadãos essencialmente porque eu estou muito próximo deles. Estou na rua todos os dias, falo directamente com eles, e todos conhecem o meu número de telefone pessoal. Estou à distância de uma chamada e só esta relação de proximidade é que prestigia a confiança que depositaram em mim.

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