“Gostava que os meus filhos crescessem num mundo onde as pessoas se respeitassem mais umas às outras”
Nunca tivemos grandes problemas de falta de mão-de-obra. Formamos os nossos colaboradores em obra e temos por princípio mantê-los, mesmo que isso acarrete mais custos.
Há muitas queixas de falta de mão--de-obra nos mais diversos sectores de actividade. É um problema que o afecta?
Felizmente nunca tivemos grandes problemas de falta de mão-de-obra. A Raposo tem por princípio formar e manter nos seus quadros os bons funcionários, mesmo que isso acarrete mais custos. Reunir os melhores profissionais na nossa empresa é tarefa de uma vida, por isso temos colaboradores com 20, 30, e mais anos de casa.
O que pensa da ligação dos institutos politécnicos às empresas da região?
Poderiam colaborar mais com as empresas. No nosso caso ajudando-nos a desenvolver novos sistemas de revestimentos de resinas de vários tipos e para várias utilizações.
E escolas profissionais sabe quantas existem e quantas podem ser parceiras da sua empresa?
Sei que existem mais de duzentas em todo o país e em Santarém temos uma, mas não tem nenhuma formação na nossa área de trabalho, que são serviços de construção. Durante estes 40 anos, a Raposo tem formado seus colaboradores em obra, respeitando sempre as aptidões de cada um. Damos a possibilidade da progressão de carreira, podendo um servente chegar a assentador em um ano e a chefe de equipa em dois ou três anos.
Nesta altura de instabilidade consegue fazer previsões sobre o seu sector?
Não consigo trabalhar sem prever o futuro, e por isso, desde sempre tenho procurado inovar, indo buscar lá fora e criando novos produtos e sistemas, visando sempre as necessidades dos clientes. Somos pioneiros em Portugal e Espanha de vários sistemas de revestimentos, o que faz com que sejamos líderes de mercado e reconhecidos internacionalmente.
Como encara a notícia do interesse de um grupo de investidores privados em fazer um aeroporto em Santarém?
Encaro com muita expectativa a vinda do aeroporto para Santarém, não tenho dúvidas que seria óptimo ter um aeroporto à porta, o que também traria um grande crescimento para a nossa região, com criação de emprego e grandes oportunidades de negócios para todos nós, mas tenho muitas dúvidas que o poder central aceite esta localização.
Quais considera terem sido os maiores sucessos da sua região?
Quanto a mim foram a zona industrial de Almeirim (fazendo com que as empresas se estabelecessem criando empregos), os jardins, as zonas verdes recreativas, os campos desportivos, as estradas e a acessibilidade, tudo isto torna Almeirim um lugar óptimo para se viver e trabalhar.
E os maiores fracassos ?
O desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde que quanto a mim já foi muito bom e agora está no estado que todos sabem e sentem na pele. Também acho, e não é de agora, que a carga fiscal sobre as empresas e trabalhadores é muito elevada.
Qual foi a altura em que se sentiu mais optimista, quer a nível profissional, quer pessoal?
Foi em 1982, quando aos 24 anos, criei a minha primeira empresa. Foi um grande desafio, porque tive de desenvolver e adaptar máquinas, para garantir uma perfeita execução dos trabalhos. A nível pessoal foi muito gratificante, porque adorava o que fazia e ainda hoje é assim. Já Confúcio dizia: “escolhe um trabalho que gostes e não terás de trabalhar nem um dia da tua vida“.
O que mais deseja actualmente?
Gostava que os meus filhos crescessem num mundo onde as pessoas se respeitassem mais umas às outras e com melhor educação e saúde. E gostaria que todos entendêssemos que não temos só direitos. Temos sim, muitos mais deveres e responsabilidades.
Revê-se nos políticos locais?
O presidente da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro, em conjunto com os vereadores, tem feito um bom trabalho. Desde que sou empresário, já tratei com três presidentes de câmara e este é, sem dúvida, o melhor e mais dedicado ao concelho de Almeirim.