O MIRANTE | 19-11-2022 16:00

“Quando se dão subsídios e não se pede nada em troca cultiva-se uma cultura de laxismo”

“Quando se dão subsídios e não se pede nada em troca cultiva-se uma cultura de laxismo”
ESPECIAL 35 ANOS DE O MIRANTE
Dúlio Manuel Morgado Casimiro Sócio-Gerente da A.Casimiro,Ldª COZZIS - Santarém

Quando digo que a minha região é o Ribatejo os portugueses reconhecem, mas politicamente fazemos parte do Alentejo. Senão veja quando o seu telemóvel recebe uma chamada da rede fixa.

Quais considera terem sido os maiores sucessos da região nos últimos trinta e cinco anos?

Assim de repente , a rede viária e a representação das empresas do Ribatejo em todo o mundo.

E os maiores fracassos?

Não potenciar a rede viária que em vez de trazer gente e investimento vai levando gente daqui para fora. Um outro fracasso foi não se olhar para o tecido empresarial e para as mais valias que traz. Basta ver o norte do concelho de Santarém e como as empresas de extracção de rochas tinham dificuldade em fazer o transporte na rede viária existente. Falta de ligação inter-municipal; falta de auto-estima e falta de postos de trabalho geradores de riqueza.

Portugal é o país da União Europeia mais dependente dos fundos europeus e do Portugal 2020. Será que já não conseguimos fazer nada sem fundos comunitários?

O problema não é vivermos ou não com os fundos comunitários, mas sabermos para onde são canalizados e se potenciam melhorias. Percebemos que alguns foram para tapar buracos e não para fazer investimentos. Nos últimos anos nada foi feito para promover uma cultura de trabalho. Pouco ou nada se investe na formação vocacional. Não se valoriza o trabalho e relegam-se algumas profissões para planos secundários. Cultiva-se uma cultura de laxismo e subsídios. Quando se dá dinheiro e não se pede nada em troca tem o resultado que todos conhecemos.

Está satisfeito com a localização da sua empresa e sente que faz parte e é importante na sua comunidade ?

Estar em Santarém é bom geograficamente. Estou a um passo de qualquer parte do país, isto permite-nos chegar mais longe. Fazer parte da comunidade é muito importante, devemos estar ligados aos que nos rodeiam. Estou há 20 anos em Santarém, criei outra empresa em Lisboa e, no entanto, optei por ficar com a sede aqui.

Os empresários estão bem representados junto dos organismos oficiais que, regra geral, encaminham os dinheiros que chegam da Comunidade Europeia ou aprovam os projectos de investimento junto dos organismos oficiais?

A pergunta tem que ser colocada de outra maneira. Estão todas as empresas em pé de igualdade? A capacidade financeira e nível de assessoria ditam regras. Experimentem fazer um projecto e logo vêm o resultado.

Se tiver um problema com as Finanças ou outro organismo de Estado acha que tem a ajuda que precisa ao nível das associações?

Dificilmente.

Revê-se nos líderes políticos locais ou em algum em particular?

Próxima pergunta, por favor.

Como é que resolve a falta de mão-de-obra que é cada vez mais difícil encontrar?

Cada vez com mais dificuldade. É um problema gigante, quer no presente quer no futuro. Não se está a formar gente nova.

Os Institutos Politécnicos podem ser parceiros ou acha que estamos a falar de instituições que vivem noutra dimensão?

Todos os elementos do tecido empresarial são importantes, mas nem sempre a ligação é eficiente. Deveria haver mais ligação. A dimensão é sempre outra quando não existe comunicação.

E as escolas profissionais sabe quantas existem e quantas podem ser parceiras da sua empresa?

Não sei ao certo.

Quando se refere à nossa região a que se refere em concreto?

Quando digo que a minha região é o Ribatejo os portugueses reconhecem, mas politicamente fazemos parte do Alentejo. Senão veja quando o seu telemóvel recebe uma chamada da rede fixa.

Que alterações defende para dar mais consistência à nossa região e que entraves existem para as concretizar?

Como disse anteriormente, quando somos colocados numa situação desenquadrada tudo é mais difícil.

Qual foi a altura em que se sentiu mais optimista, quer a nível profissional quer pessoal?

A motivação e optimismo acompanham-me. No entanto, há uns anos criaram-nos o sonho que poderíamos estar ao melhor nível europeu mas a realidade é outra.

Como encara a notícia do interesse de um grupo de investidores privados em fazer um aeroporto em Santarém?

Tudo o que tenha a ver com mais-valias é bem vindo e irá potenciar a região. Temos grandes vantagens face às restantes e mesmo que a ideia não vá por diante temos que louvar alguém que percebeu a nossa posição estratégica.

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