O MIRANTE | 17-11-2023 10:00

Alterações climáticas são uma realidade mas há muito exagero em alguns processos de defesa da questão

Alterações climáticas são uma realidade mas há muito exagero em alguns processos de defesa da questão
36 ANOS DE O MIRANTE
Vasco Estrela, 52 anos, Presidente da Câmara Municipal de Mação

Fico preocupado com as dificuldades da comunicação social regional e por ver que decisores políticos e legisladores continuam a tratar por igual aquilo que é diferente sobretudo no que às taxas diz respeito, por exemplo. Também neste particular, não existe o reconhecimento das realidades locais.

O que foi para si o 25 de Abril de 1974?

O 25 de Abril foi uma conquista histórica e humana, acima de tudo, a liberdade plena de um povo. No meu caso, sempre vivi com a liberdade que outros conquistaram para as gerações seguintes, mas o Portugal anterior a essa data não se pode comparar com o actual, sob nenhum ponto de vista. O 25 de Abril libertou o povo e criou condições para um desenvolvimento em todas as áreas, que não podia ser alcançado pelo anterior regime.

Consegue imaginar como teria sido a sua vida, a nível pessoal e profissional, num país não democrático?

Não consigo imaginar, sequer. Provavelmente, seria algum revolucionário em defesa daquilo que acho que é nosso: a liberdade de sermos quem somos, como queremos ser, com o respeito e a dignidade que cada um merece, nós e os outros.

Se tivesse que classificar a classe política que vai festejar os 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República que pontuação lhe dava de 1 a 10?

A classe política à qual actualmente pertenço tem pessoas de enorme qualidade a desempenhar estas funções e, como é natural, quer nesta realidade como em qualquer outra actividade, pessoas menos qualificadas para o seu desempenho. Não quero quantificar, mas dou, com total justiça, uma nota positiva.

Na Constituição da República estão inscritos os direitos e os deveres dos cidadãos. É capaz de indicar dois ou três dos nossos deveres constitucionais?

Dever de voto, dever de defender a independência nacional, defesa da pátria.

Os meios de comunicação social têm que estar registados e os seus responsáveis identificados. E têm que cumprir leis, nomeadamente a lei de imprensa. Deve continuar assim ou os jornais devem ter maior liberdade?

Vivemos num Estado democrático e partimos do princípio que as leis que regem a imprensa salvaguardam todos os direitos e deveres inerentes. Parece-me sensato que um órgão de comunicação social esteja registado e os seus responsáveis identificados. Quando emite notícias fá-lo, suponho eu, de forma clara, transparente e imparcial, não devendo haver lugar a subterfúgios de quem escreveu ou não. Se alguém escreve, saberá o que está a fazer e deverá receber os louros quando for caso disso, mas também assumir as responsabilidades e/ou poder defender-se quando o artigo possa, eventualmente, ser alvo de críticas ou de situações negativas.

Há cada vez mais pessoas que optam por ser informadas através do que lhes chega pelas redes sociais. É o seu caso?

Depende daquilo que estivermos a falar no que às redes sociais diz respeito. Não posso dizer que não sou consumidor de notícias que me chegam pelas redes sociais, que são de acesso imediato e facilmente nos surgem no ecrã do telemóvel. Recebe-se, de facto, muita informação de diversos órgãos de comunicação social através das redes sociais e o futuro passará por aí. Sou de uma geração que continua a gostar de ler o jornal em papel e de comprar aquele que mais me agrada, embora seja obviamente, pela própria evolução tecnológica, consumidor de informação online.

A informação devia ser toda gratuita e de acesso livre? Como acha que isso poderia ser feito?

Do ponto de vista do consumidor, seria hipocrisia da minha parte dizer que a informação não deveria ser toda gratuita e de acesso livre. O leitor quer ter acesso à informação, ponto final. Vendo a outra parte, compreendo que assim não seja ou deva ser porque, em muitos casos, fica em causa a própria sobrevivência de muitos órgãos de comunicação. O acesso ilimitado à informação online tem vindo a criar constrangimentos óbvios às edições em papel, que são pagas.

Há muitos jornais em dificuldades, alguns dos quais de âmbito nacional e outros que já deixaram de se editar, nomeadamente regionais? É algo que o preocupe?

Sendo eu um autarca de um município do interior, mais preocupado fico por conhecer as dificuldades da comunicação social regional sobretudo quando os decisores políticos e legisladores continuam a tratar por igual aquilo que é diferente sobretudo no que às taxas diz respeito, por exemplo. Também neste particular, não existe o reconhecimento das realidades locais.

Como encara a crescente presença da Inteligência Artificial na nossa vida?

Não me sinto totalmente confortável. Há situações em que pode ter e já tem inúmeros benefícios para a Humanidade. Mas tem que haver controle. A máquina/tecnologia substituir-se ao ser humano… calma! Processos mal conduzidos podem ser extremamente perigosos. Sou algo céptico sobretudo quando se refere ao comportamento e vida em sociedade. Por exemplo, à substituição da mão-de-obra humana que, em tantos casos, ainda é necessária e fulcral para a sobrevivência das pessoas.

As alterações climáticas são uma realidade ou há muito exagero no que é apresentado?

Nessa questão tem sempre de haver bom senso. As alterações climáticas são uma realidade, mas também há muito exagero em alguns processos de defesa da questão. Os extremismos, as defesas mal sustentadas e até a falta de informação em nada ajudam processos que até poderiam ser credíveis e viáveis. Há necessidade de mudar comportamentos e isso tem acontecido. Tenho hoje, por exemplo, uma maior preocupação com os gastos com a água, electricidade, separação do lixo doméstico. Mas as crianças e jovens que agora estão no seu processo de aprendizagem são as que vão fazer a diferença.

Qual foi o último texto que leu em O MIRANTE de que gostou?

A reportagem/entrevista, no suplemento, relativa à empresa João Serras, de Mação, pelo simbolismo da mesma.

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