O MIRANTE | 17-11-2023 20:00

As máquinas nunca serão como os humanos mas vão complementar ou até substituir algumas profissões

As máquinas nunca serão como os humanos mas vão complementar ou até substituir algumas profissões
36 ANOS DE O MIRANTE
Ramiro Matos, 48 anos, presidente do conselho de administração Águas de Santarém, EM, S.A.

Nasci depois do 25 de Abril e vejo que a melhor forma de celebrar a democracia é fazê-la evoluir da melhor forma. Não podemos ficar eternamente agarrados a factos históricos apenas numa perspectiva de celebração e evocação política.

A liberdade não pode ser condicionada ou limitada pelas normas regulatórias. É muito importante que haja fiscalização do cumprimento das obrigações legais, éticas e deontológicas. Se qualquer pessoa pudesse, de repente, abrir um órgão de comunicação sem quaisquer regras ou procedimentos, quer-me parecer que seria muito mau. O MIRANTE é um jornal muito forte e consolidado porque tem rostos, sede, directores, jornalistas. Em suma, porque cumpre com as suas obrigações legais e éticas.

As redes sociais tiveram um desenvolvimento brutal nos últimos anos, a que ninguém pode ficar indiferente. A divulgação de informação pelas redes sociais é também uma forma de garantir o acesso dos jovens às notícias e à actualidade. Consumo muita informação nas redes sociais, esse é até o principal motivo pelo qual tenho contas activas. E não existam dúvidas que o futuro é digital e que a Inteligência Artificial também terá impacto nisso.

Em breve as pessoas vão conseguir individualizar os temas pelos quais têm interesse e “consumir” informação de forma muito simples, via digital. E vão fazê-lo sobretudo em áudio, evitando, até, que tenham de ler as notícias e artigos sobre os quais têm interesse. Isso trará inconvenientes, pois a leitura é essencial, mas pode levar a que as pessoas possam estar mais informadas. E a realidade virtual poderá trazer à informação uma nova perspetiva, permitindo uma visualização imersiva dos temas da actualidade.

A informação é um serviço público, mas o Estado tem-se demitido de promover este direito e dever essenciais. Só poderemos ter uma democracia efectiva, participada e esclarecida se as pessoas estiverem informadas e se essa informação for credível. Se o Estado pagasse este serviço público, de forma decente e consistente, haveria maior acesso pois a gratuitidade promove a procura. Até lá, teremos de pagar pelo serviço, seja comprando o jornal, em papel ou online, seja subscrevendo plataformas.

Preocupa-me o desaparecimento de jornais porque a diversidade da informação é essencial. A cobertura noticiosa local e regional também. A opinião, a liberdade de expressão e a informação são essenciais num Estado de Direito Democrático. É certo que a concorrência quer-se a funcionar e quando os negócios não são rentáveis não sobrevivem e os jornais têm por base empresas que têm de ser bem geridas para se manterem.

Não consigo, nem quero imaginar como seria a minha vida numa ditadura. Nasci depois do 25 de Abril e vejo que a melhor forma de celebrar a democracia é fazê-la evoluir da melhor forma. Não podemos ficar eternamente agarrados a factos históricos que, apesar de terem sido de extrema importância, são vistos por alguns mais numa forma de celebração e de evocação política do que propriamente de execução, de melhoria e de evolução.

Condeno, de forma veemente, os Estados que ainda assentam em sistemas políticos não democráticos. A democracia tem de ser um valor, um princípio e um direito inabaláveis para qualquer cidadão no mundo. Manobrar os povos como se fossem marionetas é condenável a todos os níveis. E veja-se que nesses países a informação também é controlada. Não será por mero tique mas para manter os cidadãos desinformados, cientes que a realidade que têm é muito boa e não existe melhor. É a promoção da falta de opinião.

Estamos a viver um momento de crise acentuada da classe política na Assembleia da República, com honrosas excepções. Não só pelo estado caótico em que o país se encontra, da saúde à educação, da justiça à habitação, da enorme carga fiscal à falta de apoio à economia, mas também pela falta de respeito institucional demonstrada por alguns partidos.

A nossa vida pessoal e profissional tornou-se mais cómoda e eficiente com o desenvolvimento da tecnologia. Conseguimos gerir melhor o tempo, torná-lo mais eficiente e produzir mais. As máquinas nunca serão humanos, não têm afectos, sensações, mas vão complementar ou até substituir algumas profissões. Pensar o contrário e enfiar a cabeça na areia não vai resolver nada. Temos de nos readaptar aos novos desafios e procurar no desenvolvimento da inteligência artificial novas oportunidades, nomeadamente de emprego.

As alterações climáticas são um problema muito grave devidamente comprovado e temos de alterar muitos comportamentos. Eu alterei diversos comportamentos em busca da sustentabilidade, desde conduzir um veículo eléctrico, produzir energia para auto-consumo, instalar em casa equipamentos simples de eficiência hídrica e eléctrica, ensinar as minhas filhas a poupar água e energia e evitar qualquer desperdício, nomeadamente o alimentar, procurar consumir produtos de fornecedores com certificação ambiental e locais, pois a eliminação de cadeias de transporte nos produtos tem forte impacto ambiental.

Os últimos textos que li em O MIRANTE foram os do suplemento das Melhores Empresas da Região. Um excelente trabalho jornalístico que dá ênfase ao que de bom se faz no sector económico da região de Santarém.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo