O MIRANTE | 17-11-2023 19:00

É essencial haver informação feita por profissionais de jornalismo devidamente identificados

É essencial haver informação feita por profissionais de jornalismo devidamente identificados
36 ANOS DE O MIRANTE
Pedro Bastos, 56 anos, administrador do Hospital CUF Santarém

A OMS define “saúde” como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Tal, implica a existência de qualidade de vida, liberdade e outras características das democracias.

Os jornais, ao contrário das redes sociais, têm que estar registados e os seus responsáveis identificados. E têm, tal como os jornalistas, que cumprir legislação, nomeadamente a lei de imprensa. São exigências a mais?

O trabalho desenvolvido por profissionais de jornalismo garante um selo de credibilidade, rigor e isenção, implicando factualidade, verificação de fontes e uma clara separação entre factos e opiniões. Importa por isso, que seja clara a distinção entre uma publicação noticiosa, desenvolvida por jornalistas, de uma informação ou opinião prestada por quem não o é. Num tempo em que as “fake news” têm aumentado ainda mais importante se reveste a identificação dos responsáveis.

Há cada vez mais pessoas que optam por ser informadas através do que lhes chega pelas redes sociais. É o seu caso?

As redes sociais já marcam o presente e integrarão, certamente, e cada vez mais, o futuro. Considero-as particularmente apelativas, desde que saibamos fazer a distinção entre o que é conteúdo jornalístico e o que não é. Diariamente, informo-me através de meios de comunicação social, que me transmitem confiança e garantam rigor e isenção. Procuro artigos jornalísticos que respeitam o Código Deontológico a que obedece a prática do jornalismo.

A informação devia ser toda gratuita e de acesso livre?

O acesso à informação é essencial para exercermos de forma crítica e responsável as nossas acções sociais e cívicas. Conscientes desta necessidade, vejo os órgãos de comunicação social a apostar, cada vez mais, num serviço misto de conteúdos online gratuitos - que permitem que toda a população se mantenha informada, aliados a serviços pagos - que garantem a viabilidade financeira dos projectos jornalísticos.

Há jornais que já deixaram de se editar, nomeadamente regionais. É algo que o preocupe?

A imprensa regional - seja ela em formato impresso ou digital - é a voz e a cultura de um território. É o “local comum” onde a comunidade, os moradores, os vizinhos, os comerciantes, empresários e emigrantes, entre outros, encontram informação sobre o que está a acontecer na comunidade à qual pertencem ou com a qual têm laços. Preocupa-me que esse “local comum”possa sofrer um desfasamento se a informação veiculada nos media regionais deixar de existir.

O que foi para si o 25 de Abril de 1974?

É uma celebração que importa fazer não só a cada dia 25 de Abril, mas todos os dias. Celebrar essa data é, para mim, relembrar a importância da participação cívica na promoção de valores como a liberdade, o desenvolvimento e a democracia.

Como acha que seria a sua vida, a nível pessoal e profissional, num país não democrático?

Seria uma vida sem saúde, severamente limitada e reprimida, sem possibilidade de desenvolvermos o nosso potencial. Digo “sem saúde” porque a Organização Mundial da Saúde define “saúde” como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas como a ausência de doença. Tal, implica a existência de qualidade de vida, implica liberdade, implica segurança e tantas outras características da democracia que nos dão “saúde”.

A Inteligência Artificial está presente, cada vez mais, na nossa vida. Está confortável com isso?

Está cada vez mais presente e cada vez mais sofisticada. É verdade que o uso da inteligência artificial acarreta inúmeros benefícios, mas também pode conter riscos que temos de acautelar. Urge compreender os desafios e encontrar mecanismos que garantam o rumo certo na sua utilização.

Onde está presente a Inteligência Artificial no seu universo profissional?

Na CUF, através do Avaliador de Sintomas My CUF as pessoas podem, a partir do seu telemóvel, recorrer a uma aplicação digital, desenvolvida por médicos e suportada por evidência científica e inteligência artificial, para receber orientação para os cuidados de saúde mais adequados à sua situação. E o Hospital conta com um novo equipamento de Tomografia Computadorizada - uma TAC cardíaca que, através da utilização de inteligência artificial, reduz a quantidade de radiação utilizada aumentando a qualidade de imagem e a eficiência do trabalho das equipas de Imagiologia.

De que forma está sensibilizado para as questões climáticas?

A sustentabilidade constitui um elemento central do plano de desenvolvimento estratégico da CUF. Numa lógica de ecoeficiência procuramos contribuir para uma melhor gestão e conservação dos recursos naturais e minimizar os impactos ao nível do uso de recursos e da geração de resíduos. Reflectindo este compromisso a CUF aderiu recentemente ao United Nations Global Compact (UNGC), a iniciativa das Nações Unidas dedicada à sustentabilidade corporativa sendo o primeiro prestador de cuidados de saúde em Portugal a integrar o pacto.

O que deseja acrescentar?

Desejo a O MIRANTE sucesso na missão de informar como tem feito ao longo destes 36 anos, com rigor e de forma tão próxima com os cidadãos, empresas e instituições da região. Muitos Parabéns!

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