O MIRANTE | 18-11-2023 19:00

Enfrentamos grandes desafios económicos e sociais mas a culpa não é do regime nem do 25 de Abril

Enfrentamos grandes desafios económicos e sociais mas a culpa não é do regime nem do 25 de Abril
36 ANOS DE O MIRANTE
Manuel Paulo, 62 anos, sócio-gerente da MACROFAL, Ldª

Muitos políticos não são capazes de ter um bom desempenho e não querem perceber que a maioria das “soluções” em vigor só traz problemas e prejuízos ao país e à sociedade.

Qual foi o último texto que leu em O MIRANTE de que gostou?

A última notícia cujo texto li e gostei intitula-se: “Centro pode ser o fiel da balança na escolha de Santarém para o novo aeroporto” e um outro texto de que gostei, por terminar com um parágrafo “ousado”, foi: “Cada vez há menos jornalistas a escreverem sobre o que se passa no país”.

Os proprietários e responsáveis pelos jornais têm que estar devidamente identificados e cumprir a legislação que rege a Lei de Imprensa. Deve continuar assim ou os jornais devem ter maior liberdade?

A resposta não é consensual e parece-me
necessário debater o tema para se chegar a um equilíbrio, onde a liberdade de imprensa nunca atropele a liberdade de expressão, exactamente para que essa liberdade não colida com os direitos individuais, a justiça e a segurança.

Há cada vez mais pessoas que optam por ser informadas através do que lhes chega pelas redes sociais. É o seu caso?

Leio informação nas redes sociais, mas procuro sempre confirmar ou desenvolver qualquer informação noutras fontes consoante o tema. Relativamente ao futuro da informação continuo a pensar que dependerá da evolução da tecnologia e das necessidades das pessoas.

A informação devia ser toda gratuita e de acesso livre?

Nem toda a informação poderá ser grátis. A tipologia da informação é determinante para se considerar se é sequer acessível. Por um lado, temos os autores que dependem da venda das suas obras, e por outro há empresas que investem muitos dos seus recursos em pesquisa e desenvolvimento e é necessário proteger esses investimentos. Mas existe outro tipo de informação como leis, regulamentos, estatísticas, pesquisas efectuadas com dinheiro público, etc., e essa sim tem de ser gratuita e acessível.

Consegue explicar, com um ou dois exemplos, como acha que seria a sua vida, a nível pessoal e profissional, num país não democrático?

Acho que não consigo dar esses exemplos. Sou muito impulsivo numas situações e bastante controlado noutras. Talvez me fosse impossível viver nessas circunstâncias e a minha solução fosse emigrar, tentando forçar, a partir de fora, alguma forma de mudança nesse regime.

O que foi para si o 25 de Abril de 1974?

O expoente máximo da nossa história moderna. De uma assentada, sem derramamento de sangue, acabou-se com uma ditadura com mais de 40 anos. Acabou-se com a guerra colonial e restituiu-se a liberdade a todos os portugueses. Naquela época, mal percebi o que estava a acontecer e só mais tarde tive noção dos factos. Hoje, continuamos a enfrentar grandes desafios económicos e sociais, mas a culpa já não é do regime e muito menos do 25 de Abril.

A Inteligência Artificial está presente, cada vez mais, na nossa vida? Está confortável com o que se está a passar?

Já percebi que a Inteligência Artificial, sendo estrondosamente poderosa e ampla em recursos, nunca será mais inteligente do que nós, razão por que o seu impacto, positivo, negativo ou trágico, continuará a depender de alguém e nunca exclusivamente da sua “inteligência”.

As alterações climáticas são uma realidade ou há muito exagero no que é apresentado?

As alterações climáticas são uma realidade e vale a pena alterarmos alguns comportamentos. Já alterei alguns mas ainda me comporto muito abaixo do que devia.

Na Constituição da República estão inscritos os direitos e os deveres dos cidadãos. É capaz de indicar dois ou três dos nossos deveres constitucionais?

Sim, em primeiro lugar cumprir as leis do país depois respeitar os direitos dos outros. Também é meu dever promover a minha independência através do meu trabalho e outro dever, que muito me apraz, é o de contribuir para ajudar a promover o bem-estar da sociedade, seja pela ajuda na resolução de um problema concreto ou na simples tarefa de melhorar a condição de alguém.

Se tivesse que classificar a classe política que vai festejar os 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República que pontuação lhe dava de 1 a 10?

Não chegam ao suficiente e apesar de viverem da política não são capazes do desempenho dos verdadeiros profissionais, nem querem perceber que a maioria das “soluções” em vigor só traz problemas e prejuízos ao país e à sociedade.

O que é que gostava que lhe tivéssemos perguntado?

Gostava que me tivessem perguntado de que província, neste país, são naturais os ribatejanos. Diria que não sei!..

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