O MIRANTE | 18-11-2023 20:00

Jornais serão mais livres se, ao exercerem a sua liberdade, contemplarem a liberdade de quem os lê

Jornais serão mais livres se, ao exercerem a sua liberdade, contemplarem a liberdade de quem os lê
36 ANOS DE O MIRANTE
Ana Gaspar, 57 anos, Directora do Colégio Jardinita em Alcanede

A Inteligência Artificial é criada pelo homem que ao longo do tempo também tem desenvolvido a sua própria inteligência e criado diferentes estratégias de sobrevivência.

A informação devia ser toda gratuita e de acesso livre?

Sim, penso que a informação deveria ser toda gratuita e de acesso livre contudo tenho consciência de que se trataria de uma utopia. Tudo na vida tem os seus custos e a angariação de informação não é excepção. Desde o acontecimento ao tratamento dos dados e à preparação da informação para lançar no exterior existe um longo percurso que envolve muita gente.

O MIRANTE, tal como os restantes órgãos de comunicação social tem que estar registado e os seus responsáveis identificados. E tem que cumprir leis, nomeadamente a lei de imprensa. Deve continuar assim ou os jornais devem ter maior liberdade?

As regras são necessárias mesmo num sistema democrático. Considero O MIRANTE um jornal sempre actual, consciente da sua liberdade, independentemente das regras que tem de cumprir. A palavra possui o poder que lhe é devido e por isso mesmo é necessário que seja utilizada com sabedoria, o que, no meu ponto de vista, é feito pelo jornal. E os jornais serão mais livres se, ao exercerem a sua liberdade, contemplarem a liberdade de quem os lê.

Há cada vez mais pessoas que optam por ser informadas através do que lhes chega pelas redes sociais. É o seu caso?

Não privilegio a informação oriunda das redes sociais. Em determinadas situações são uma mais valia, mas em muitas outras são um foco de desinformação. Existe pouca responsabilidade no que é transmitido talvez porque as leis a que são submetidas não sejam tão rigorosas como as leis de imprensa. O futuro da informação passará pelas redes sociais, já que se trata de um meio disponível a qualquer um. Contudo não se dispensará a informação do jornal já que, esta sim, se calcula que seja credível e assertiva sem a intenção de manipular os interlocutores.

Consegue explicar, com um ou dois exemplos, como acha que seria a sua vida, a nível pessoal e profissional, num país não democrático?

Um caos!!!... A liberdade faz falta a todos. O indivíduo quando nasce, nasce livre e apenas posteriormente vai adquirindo alguns hábitos que fazem parte da sua cultura, se assim o entender, e de uma forma democrática todos entendemos este processo como uma forma de crescimento pessoal e profissional, quer estejamos de acordo com as opções de cada um ou não. Viver sob o domínio de uma ditadura é contranatura. Imaginar que poderíamos perder a liberdade de expressão e reacender o poder da censura, vai contra todos os princípios dos direitos humanos que são universais e pelos quais tantas pessoas que hoje merecem o nosso respeito se bateram.

O que foi para si o 25 de Abril de 1974?

A Revolução de 25 de Abril, também conhecida como Revolução dos Cravos, foi um movimento político e social que marca bem o descontentamento geral vivido naquela época sob um regime político militar e ditatorial. Foi a porta aberta para a democracia que hoje tanto prezamos. Passaram 50 anos e Portugal nunca mais foi o mesmo!

A Inteligência Artificial está presente, cada vez mais, na nossa vida. De que forma sente isso?

Faço uso de alguma desta inteligência e devo dizer que me sinto confortável pois acaba por me facilitar imenso a vida. Acreditando que todos somos responsáveis e pessoas de bem não vejo motivo pelo qual deva ficar preocupada, até porque toda esta nova inteligência é criada pelo homem que, ao longo do tempo, também tem desenvolvido a sua própria inteligência e criado diferentes estratégias de sobrevivência. Não podemos esquecer que a criatividade anda de mãos dadas com a civilização.

As alterações climáticas são uma realidade ou há muito exagero no que é apresentado?

As alterações climáticas não são um exagero, fazem parte da realidade que todos os dias se vai transformando devido às mesmas sem, no entanto, contribuírem para a melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos. Vale a pena alterarmos alguns dos nossos comportamentos e devemos olhar para o Planeta Terra como um todo, como um elo de protecção pessoal que, no fundo, é universal. A questão da sobrevivência é muito complexa, depende de vários factores que interagem entre si de uma forma dinâmica. Acredito que já todos tenhamos alterado alguns comportamentos!

Na Constituição da República estão inscritos os direitos e os deveres dos cidadãos. É capaz de indicar dois ou três dos nossos deveres constitucionais?

Ninguém gosta muito da parte dos deveres, os direitos alimentam muito mais o nosso ego. No entanto todos temos o dever de pagar impostos, colaborar com a administração da justiça e obedecer às ordens legítimas da autoridade.

Qual foi o ultimo texto que leu em O MIRANTE de que gostou?

De uma forma geral aprecio todos os textos, mas o ”Estigma da doença mental tem diminuído entre os jovens” mereceu da minha parte uma atenção especial.

Se tivesse que classificar a classe política que vai festejar os 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República, que pontuação lhe dava de 1 a 10?

Felizmente não tenho que fazer esta classificação e no momento actual nem sei o que pensar ou dizer. São comemorações que envolvem ideologias colectivas e pessoais e que no fundo reflectem o estado da nação.

O que é que não lhe perguntamos que gostava de responder?

As vossas questões são muito directas e abrangentes pelo que de momento não me ocorre nada. Desejo-vos felicidades e espero que continuem o óptimo trabalho que têm desenvolvido.

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