Jornais serão mais livres se, ao exercerem a sua liberdade, contemplarem a liberdade de quem os lê
A Inteligência Artificial é criada pelo homem que ao longo do tempo também tem desenvolvido a sua própria inteligência e criado diferentes estratégias de sobrevivência.
A informação devia ser toda gratuita e de acesso livre?
Sim, penso que a informação deveria ser toda gratuita e de acesso livre contudo tenho consciência de que se trataria de uma utopia. Tudo na vida tem os seus custos e a angariação de informação não é excepção. Desde o acontecimento ao tratamento dos dados e à preparação da informação para lançar no exterior existe um longo percurso que envolve muita gente.
O MIRANTE, tal como os restantes órgãos de comunicação social tem que estar registado e os seus responsáveis identificados. E tem que cumprir leis, nomeadamente a lei de imprensa. Deve continuar assim ou os jornais devem ter maior liberdade?
As regras são necessárias mesmo num sistema democrático. Considero O MIRANTE um jornal sempre actual, consciente da sua liberdade, independentemente das regras que tem de cumprir. A palavra possui o poder que lhe é devido e por isso mesmo é necessário que seja utilizada com sabedoria, o que, no meu ponto de vista, é feito pelo jornal. E os jornais serão mais livres se, ao exercerem a sua liberdade, contemplarem a liberdade de quem os lê.
Há cada vez mais pessoas que optam por ser informadas através do que lhes chega pelas redes sociais. É o seu caso?
Não privilegio a informação oriunda das redes sociais. Em determinadas situações são uma mais valia, mas em muitas outras são um foco de desinformação. Existe pouca responsabilidade no que é transmitido talvez porque as leis a que são submetidas não sejam tão rigorosas como as leis de imprensa. O futuro da informação passará pelas redes sociais, já que se trata de um meio disponível a qualquer um. Contudo não se dispensará a informação do jornal já que, esta sim, se calcula que seja credível e assertiva sem a intenção de manipular os interlocutores.
Consegue explicar, com um ou dois exemplos, como acha que seria a sua vida, a nível pessoal e profissional, num país não democrático?
Um caos!!!... A liberdade faz falta a todos. O indivíduo quando nasce, nasce livre e apenas posteriormente vai adquirindo alguns hábitos que fazem parte da sua cultura, se assim o entender, e de uma forma democrática todos entendemos este processo como uma forma de crescimento pessoal e profissional, quer estejamos de acordo com as opções de cada um ou não. Viver sob o domínio de uma ditadura é contranatura. Imaginar que poderíamos perder a liberdade de expressão e reacender o poder da censura, vai contra todos os princípios dos direitos humanos que são universais e pelos quais tantas pessoas que hoje merecem o nosso respeito se bateram.
O que foi para si o 25 de Abril de 1974?
A Revolução de 25 de Abril, também conhecida como Revolução dos Cravos, foi um movimento político e social que marca bem o descontentamento geral vivido naquela época sob um regime político militar e ditatorial. Foi a porta aberta para a democracia que hoje tanto prezamos. Passaram 50 anos e Portugal nunca mais foi o mesmo!
A Inteligência Artificial está presente, cada vez mais, na nossa vida. De que forma sente isso?
Faço uso de alguma desta inteligência e devo dizer que me sinto confortável pois acaba por me facilitar imenso a vida. Acreditando que todos somos responsáveis e pessoas de bem não vejo motivo pelo qual deva ficar preocupada, até porque toda esta nova inteligência é criada pelo homem que, ao longo do tempo, também tem desenvolvido a sua própria inteligência e criado diferentes estratégias de sobrevivência. Não podemos esquecer que a criatividade anda de mãos dadas com a civilização.
As alterações climáticas são uma realidade ou há muito exagero no que é apresentado?
As alterações climáticas não são um exagero, fazem parte da realidade que todos os dias se vai transformando devido às mesmas sem, no entanto, contribuírem para a melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos. Vale a pena alterarmos alguns dos nossos comportamentos e devemos olhar para o Planeta Terra como um todo, como um elo de protecção pessoal que, no fundo, é universal. A questão da sobrevivência é muito complexa, depende de vários factores que interagem entre si de uma forma dinâmica. Acredito que já todos tenhamos alterado alguns comportamentos!
Na Constituição da República estão inscritos os direitos e os deveres dos cidadãos. É capaz de indicar dois ou três dos nossos deveres constitucionais?
Ninguém gosta muito da parte dos deveres, os direitos alimentam muito mais o nosso ego. No entanto todos temos o dever de pagar impostos, colaborar com a administração da justiça e obedecer às ordens legítimas da autoridade.
Qual foi o ultimo texto que leu em O MIRANTE de que gostou?
De uma forma geral aprecio todos os textos, mas o ”Estigma da doença mental tem diminuído entre os jovens” mereceu da minha parte uma atenção especial.
Se tivesse que classificar a classe política que vai festejar os 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República, que pontuação lhe dava de 1 a 10?
Felizmente não tenho que fazer esta classificação e no momento actual nem sei o que pensar ou dizer. São comemorações que envolvem ideologias colectivas e pessoais e que no fundo reflectem o estado da nação.
O que é que não lhe perguntamos que gostava de responder?
As vossas questões são muito directas e abrangentes pelo que de momento não me ocorre nada. Desejo-vos felicidades e espero que continuem o óptimo trabalho que têm desenvolvido.