O MIRANTE | 18-11-2023 12:00

Num país não democrático não poderia contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos

Num país não democrático não poderia contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos
36 ANOS DE O MIRANTE
Isabel Maria Fernandes da Silva, 54 anos, Directora do Agrupamento de Escolas de José Relvas - Alpiarça

Desejo que no meu Agrupamento de Escolas se formem bons alunos mas sobretudo boas pessoas. Que sejamos uma escola pública de referência onde os alunos e o pessoal docente e não docente se sintam motivados, realizados e felizes. É para isso que me esforço todos os dias.

A liberdade dos jornais, como a dos cidadãos, não é ilimitada. Temos de garantir “os direitos ao bom nome, à reserva da intimidade da vida privada, à imagem e à palavra dos cidadãos e defender o interesse público e a ordem democrática”.

Recebo muita informação através das redes sociais. Mas continuo a ver e a ouvir os programas de notícias dos vários canais de televisão e rádio assim como a ler algumas páginas de jornais e revistas. Com o acesso fácil e generalizado às redes sociais é normal que se torne mais simples para as pessoas aceder à informação desta forma. No entanto as notícias processadas pelos outros meios de comunicação social são muito mais interessantes e fidedignas.

Não me parece que a informação possa ser toda de acesso livre e gratuito uma vez que os profissionais têm de ser pagos. No entanto, os cidadãos têm alguns meios de comunicação gratuitos que garantem a informação mais relevante.

Num país não democrático não poderia, como professora/directora, contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos. Nem poderia contribuir para a promoção, nas crianças e nos jovens, de valores como a liberdade.

O 25 de Abril de 74 pôs fim a um aparelho repressivo que vigiava, prendia e torturava os opositores. A instauração da democracia permitiu a conquista de diversos direitos como as eleições livres, melhores condições de trabalho e de vida das pessoas, combate às desigualdades de género, liberdade de expressão e de imprensa. A Revolução dos Cravos foi ainda determinante para a melhoria do nível de vida dos portugueses (nutrição, saúde, saneamento básico, habitação, educação, emprego…), assim como para o bem-estar pessoal da sua maioria.

Apesar das dificuldades que enfrentamos actualmente o país tem registado avanços significativos. Para dar um exemplo, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um indicador que combina rendimento (PIB per capita), saúde (esperança de vida à nascença) e educação (anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade), Portugal apresenta um desenvolvimento muito elevado (0,866), sendo, em 2021, o 38º, país numa lista liderada pela Suíça (0,962), Noruega (0,961) e Islândia (0,959). Um país obtém um nível mais alto de IDH quando a expectativa de vida é mais alta, o que evidencia que Portugal tem evoluído muito nos últimos 50 anos. É um grande orgulho e emoção comemorar os 50 anos de Abril.

A Inteligência Artificial ajuda, por um lado, e condiciona, por outro, as nossas vidas. No entanto, com a popularização do Chat GPT, a questão tornou-se mais presente e visível. Muitos sentem a IA como uma ameaça. A mim parece-me importante que nos informemos o mais possível sobre o assunto para que possamos contribuir para que seja usada para benefício das sociedades.

As alterações climáticas são uma realidade, estão à vista de todos. Já não conseguimos reverter a situação mas teremos de alterar os nossos comportamentos para que, pelo menos, não se agrave. Já alterei alguns comportamentos, mas tenho consciência que não são suficientes. Alguns exemplos são: reciclar produtos ou adquirir produtos reciclados, fazer a separação do lixo, consumir menos produtos não essenciais, diminuir o consumo de energia, contribuir para campanhas de plantação de árvores, viajar mais de comboio… No entanto, muitas das mudanças e decisões têm de ser políticas.

A última notícia que li em O MIRANTE e que me agradou foi “Municípios da Lezíria do Tejo vão assumir transportes públicos rodoviários”. Confesso que só estou a analisar os benefícios que esta situação poderá trazer a nível da Educação para os agrupamentos de escolas dos 11 municípios. Presentemente, e mais propriamente desde a pandemia, os preços dos alugueres dos autocarros subiram bastante e isso dificulta a realização de visitas de estudo ou outras actividades. Pelo que fui informada, sendo este serviço prestado pela CIMLT, os preços para as escolas serão mais reduzidos.

Neste momento não sabemos quem serão os políticos que, na Assembleia da República, vão festejar os 50 anos do 25 de Abril. Sejam eles quais forem, tal como acontece nas outras actividades, há políticos excelentes, de uma dedicação extrema ao país, à região ou concelho que os elegeu, que não se aproveitam do cargo que ocupam e que cumprem com lealdade as funções que lhes foram confiadas e outros, muito maus, que envergonham uma nação. Nenhum desses deveria ter assento na Assembleia da República.

O meu maior desejo é que a estabilidade e a harmonia voltem às escolas e que os problemas que afectam a Educação sejam resolvidos. Esses problemas são sobretudo a falta de docentes, o envelhecimento da classe, a elevada carga burocrática a que os docentes e os elementos das direcções estão sujeitos, as injustiças na avaliação e na carreira dos docentes, o elevado stress e pressão a que estão sujeitos, a falta de autonomia, o aumento da indisciplina, dentro e fora da sala de aula, a desmotivação, entre outros. É urgente valorizar a carreira docente e investir na Educação. Se a Educação não for de qualidade está em causa o futuro do país e de todas as profissões.

Desejo que no meu agrupamento de escolas se formem bons alunos mas, sobretudo boas pessoas. Que sejamos uma escola pública de referência, com identidade própria, autónoma, com ensino de qualidade, uma oferta formativa diversificada e com boas condições de ensino-aprendizagem, onde os alunos e o pessoal docente e não docente se sintam motivados, realizados e felizes. É para isso que me esforço todos os dias.

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