Prémios Personalidade do Ano destacaram resiliência e dedicação de 13 figuras e instituições da região













O MIRANTE voltou a entregar os prémios Personalidade do Ano a 13 figuras e entidades que, no último ano, se destacaram em várias áreas da sociedade. Cerimónia com centenas de convidados realizou-se no Convento de São Francisco, em Santarém, onde se aplaudiu histórias de mérito e empenho em prol da comunidade.
Os discursos dos premiados deste ano com os prémios Personalidade do Ano de O MIRANTE focaram-se no reconhecimento e homenagem à dedicação e empenho em prol da causa colectiva, a valorização da comunidade e o impacto transformador que cada um, na sua área, teve ao longo do tempo. Seja na história do país e da revolução do 25 de Abril, seja na cultura, desporto, acção social ou na política, cada testemunho carregou o peso da responsabilidade, do compromisso e da paixão pelo que se faz sem esperar nada em troca.
Carlos Beato, capitão de Abril e Personalidade do Ano de O MIRANTE, destacou que a distinção é sobretudo para os 50 anos da revolução e para saudar os homens e mulheres que contribuíram para existir liberdade no país. “O Salgueiro Maia tinha um espírito solidário. É bom que se lembre que ele tinha 29 anos quando tudo aconteceu no Terreiro do Paço e no Largo do Carmo. Teve de tomar decisões muito difíceis e esteve sempre do lado certo da razão. Era um humanista invulgar, uma pessoa diferente, um militar fantástico”, recordou Carlos Beato. O capitão de Abril lembrou o momento em que Salgueiro Maia pediu que a sua mulher fosse colocada em casa de um outro casal de militares para não ficar sozinha na noite da revolução, na altura, com medo que ficasse. Lembrou também o militar que não disparou nos carros de combate contra a sua coluna em frente da Câmara de Lisboa. “Se ele tivesse disparado sobre nós acabava ali o 25 de Abril”, lembrou, destacando depois a entrega da Ordem da Liberdade a esse militar, por sua proposta, o que valeu um forte aplauso entre os convidados da cerimónia.
Já José Veiga Maltez, distinguido com o prémio Vida, agradeceu a simbiose de vontades que fizeram dele um homem respeitado e preocupado com a comunidade. “A minha dedicação à comunidade é fruto de algo que desde muito cedo interiorizei. Nunca deixei que ninguém tomasse as decisões no meu lugar. A ingratidão, hoje lamentavelmente, é uma fraqueza humana muito corrente. A inveja dos nossos inimigos é uma admiração muito mais sincera do que a lisonja e a bajulação dos amigos”, defendeu. Veiga Maltez prometeu continuar o voluntariado na comunidade visando servir o próximo apenas com o desejo de fazer a diferença pela positiva na vida de alguém.
Um tempo de exigências
José Pedro Aguiar Branco, presidente da Assembleia da República e Personalidade do Ano Nacional não esteve presente na cerimónia por se encontrar num Conselho de Estado na sequência da queda do Governo, mas enviou uma mensagem, lida pela directora-executiva de O MIRANTE, Joana Emídio, onde agradeceu o prémio, numa altura desafiante para o Parlamento e para a democracia portuguesa. “Encaro o prémio como um reconhecimento do modo como temos enfrentado juntos as exigências deste tempo”, notou.
Já o prémio Prestígio foi entregue ao médico Bernardo Duque Neves, que disse encarar a distinção com muita responsabilidade e humildade. “Sei que este reconhecimento pode inspirar outros meus conterrâneos a seguir caminhos parecidos com o meu, onde tenho tentado colocar os meus interesses ao serviço dos outros. Nunca deixei de me sentir parte desta comunidade, em particular da minha cidade, Tomar”, afirmou. Lembrando que se vive hoje num momento de rápida transformação em várias áreas da sociedade, Bernardo Duque Neves destacou a evolução tecnológica que está a abrir portas que antes nem imaginávamos possíveis. “A inteligência artificial está a acelerar exponencialmente o conhecimento científico e o acesso ao conhecimento. Acredito que vamos assistir a muitas transformações positivas na nossa região porque temos as melhores pessoas e a vontade de fazer mais e melhor. E isso é tudo o que é preciso”, defendeu.
Um país sem cultura é um país falhado
Alexandre Lyra Leite, director artístico da Companhia Inestética de Vila Franca de Xira, Personalidade do Ano Cultura, agradeceu o reconhecimento de três décadas de trabalho em prol da cultura e das artes no concelho ribatejano e avisou: “um país que não cuida da sua cultura é um país falhado. A nossa missão tem a ver com isso, conseguirmos afirmar a criação artística nacional contemporânea, não só a nível regional mas também a nível nacional e internacional. A câmara e a junta têm-nos acompanhado neste longo percurso e o seu apoio tem sido essencial para desenvolvermos o nosso trabalho. É para o público que nós trabalhamos”, elogiou.
Massimo Esposito, que também recebeu o prémio na área da Cultura, destacou o reconhecimento de um trabalho com 30 anos, defendendo que cada pessoa deve fazer o que mais gosta e ser fiel a si mesmo. Com alunos de Santarém, Alpiarça e Alenquer na plateia, o pintor agradeceu a toda a comunidade a distinção e apelou para que as câmaras, instituições e associações possam trabalhar em conjunto para que os alunos de pintura e belas-artes possam ter o futuro que merecem.
Talento apenas não chega, é preciso trabalho
O prémio Excelência foi entregue à actriz e modelo Margarida Corceiro, tendo subido a palco os seus pais, Paulo Corceiro e Rita Ferreira, devido à sua ausência por motivos profissionais. “Uma coisa que certamente não sabem e que nunca vi publicado em lado nenhum é que a Margarida nasceu feia. Tinha a irmã mais velha que tinha nascido bonita e havia um certo desencanto em algumas pessoas, mas eu mantive a esperança, a mãe também, e a pouco e pouco foi ficando cada vez mais parecida com a mãe”, afirmou em jeito de brincadeira Paulo Corceiro, roubando sorrisos à plateia. Lembrando que desde pequena que Margarida Corceiro começou a fazer as suas produções caseiras em frente à televisão, Paulo Corceiro admitiu uma grande felicidade de ver a filha feliz no seu trabalho, sublinhando que talento sem trabalho não chega para atingir os resultados. A actriz enviou um vídeo para ser emitido na cerimónia onde agradeceu a O MIRANTE pela distinção e por ser o jornal da cidade que a viu crescer e um jornal de referência que sempre acompanhou o seu percurso profissional “com cuidado e respeito”.
As Personalidades do Ano na área desportiva foram o Clube Desportivo de Torres Novas e o Juventude Ouriense. Céu Ramos, presidente da direcção do Clube Desportivo de Torres Novas, lembrou a importância do prémio no ano que a colectividade celebra o seu centenário. “Os tempos passam, mas o clube e a sua história ficam. Ao mesmo tempo as experiências e os momentos que preenchem as vidas de cada um trazem sentimentos de afecto ao clube que nos enriquecem e são superiores a qualquer vitória dentro do campo”, defendeu. A dirigente acredita que é na formação de cidadãos que a colectividade pretende fazer a diferença diariamente. “Temos um legado de gerações a que pretendemos dar continuidade no nosso concelho e região”, prometeu.
E para o presidente do Juventude Ouriense, Renato Lopes, o prémio é o reconhecimento da missão do clube em proporcionar à comunidade local a prática desportiva de modalidades fora do futebol. “Um líder tem de ter tempo para fazer tudo. Sou muito bom a delegar, talvez tenha sido esse o sucesso do clube. E depois as pessoas com as suas próprias iniciativas foram crescendo muito. O clube chegou onde chegou porque tenho um grupo de pessoas muito bom”, elogiou.
O mérito merece ser premiado
O Centro de Apoio Social do Bom Sucesso e Arcena (CASBA) foi Personalidade do Ano no Associativismo. O presidente da associação, Fernando Rosa, destacou as valências e o papel importante que a instituição tem na comunidade. “O sucesso faz-se escolhendo a competência e essa competência tem de se pagar. O mérito é muito pouco premiado, parece que temos de estar sempre a apoiar, incluindo em muitas instituições onde a gestão é pouco cuidada e o mérito passa ao lado”, criticou. O dirigente lembrou também as mais-valias dadas aos trabalhadores da colectividade e lembrou que não é com 1.300 euros de salário que se cativa os jovens a trabalhar e a fixar-se nas grandes cidades como Alverca.
A Casa do Pombal – A Mãe, de Azambuja, foi Personalidade do Ano na cidadania e o padre António José Cardoso agradeceu pelos vinte anos a escrever uma história de felicidade nas 172 crianças que passaram pela instituição. Num discurso que emocionou muitos dos presentes, António José Cardoso sublinhou que “nesta nossa Casa transmitimos aos nossos meninos e aos que nos conhecem, que a vida de cada um vale não pelo que se tem, tão pouco pelo que se diz, mas sobretudo pelo que somos e pelo que despertamos nos outros. Sermos por inteiro felizes pelo que somos e na vida que nos foi dada. Se não puderes ser uma árvore grande no alto da montanha, sê pelo menos um pequenino arbusto no fundo do vale. Mas sê”, disse.
Uma mulher apaixonada pela vida
Na área da Política, Inês Barroso recebeu a distinção agradecendo a todo o distrito de Santarém e às muitas pessoas que ao longo dos anos têm sido a sua força. “Sou uma mulher mais forte, determinada e apaixonada pela vida”, destacou, lembrando a sua alegria de viver e a importância de cultivar os sentimentos da humildade e generosidade. A ex-vice presidente da Câmara de Santarém defendeu que a política faz-se “com amor, de coração aberto e por todos os cidadãos”, sejam de que partido ou ideologia for. “Quando se trabalha, trabalha-se para todos. Este prémio reconhece o meu papel como mulher nesta área em que muitas vezes os homens dominam e determinam. Acredito que as mulheres são fundamentais, pela sua sensibilidade, espírito prático, resiliência e capacidade de trabalho. Principalmente em tempos de tensão e conflito constante como os que vivemos actualmente. É um dos momentos que nunca esquecerei”, confessou.
Na Política masculino o prémio foi entregue ao presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, que lembrou um ano de 2024 com muitas conquistas para o concelho, incluindo o avanço do processo do novo tribunal da cidade, as obras na EB2,3 de Vialonga ou o novo data center da Castanheira do Ribatejo. “O prémio é das 150 mil almas do concelho de VFX, todas elas irrequietas, umas mais novas, outras mais velhas, mas sempre com vontade de fazer coisas. É das cinco mil empresas que dão muita energia ao nosso concelho e das 300 associações do concelho. O prémio é de toda esta energia do concelho de VFX”, agradeceu.
Premiados destacaram importância de O MIRANTE na sociedade
Durante a cerimónia dos prémios Personalidade do Ano foram vários os homenageados que celebraram o papel e importância de O MIRANTE na comunidade e no país. João Teixeira Leite, presidente da Câmara de Santarém, anfitrião da cerimónia, lembrou que as democracias e a liberdade nunca podem ser dadas como adquiridas e destacou o papel do jornal na comunidade. “O que O MIRANTE faz todos os dias é um processo importantíssimo das nossas vidas colectivas. É um pilar essencial da nossa democracia, da nossa região, e o que faz aqui hoje deve também ser homenageado. Faz um importante trabalho diariamente na defesa da liberdade e da democracia”, elogiou.
Também o capitão de Abril, Carlos Beato, Personalidade do Ano, destacou o percurso do jornal na comunidade. “Tive o privilégio de assistir desde o princípio a esta caminhada dos 40 anos do jornal. Sei que não foi fácil, mas o que é fácil não tem valor. Valeu a pena o 25 de Abril para que na nossa terra a liberdade de informar e formar possa ter jornalistas como os deste jornal”, agradeceu.
José Pedro Aguiar Branco, presidente da Assembleia da República, dirigiu uma palavra de apreço a O MIRANTE pelo papel que desempenha no Ribatejo e no país. “É o jornal regional com maior tiragem em Portugal e nos seus quase 40 anos de história já se tornou uma referência incontornável no panorama mediático do nosso país”, afirmou.
O padre António José Cardoso, da Casa do Pombal – A Mãe, de Azambuja, realçou a importância do prémio atribuído pelo jornal. “Com esta boa notícia, também vós iluminais de esperança esta hora e tempo que é nosso”, disse. E, por fim, Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, destacou a resiliência de O MIRANTE. “Resiliência que implica exigência, trabalho e muita determinação na defesa da comunicação social que tanta falta faz à saúde da nossa comunidade e das nossas cidades”, concluiu.