As palavras que ficaram das Personalidades do Ano

O MIRANTE recupera nesta edição algumas frases fortes das entrevistas das nossas Personalidades do Ano de 2024 que receberam a distinção no dia 13 de Março de 2025, no Convento de São Francisco, em Santarém. Não é intenção da redacção de O MIRANTE reduzir os discursos a três frases mas antes voltar a valorizar a intervenção de cada um dos premiados. As entrevistas publicadas na edição da semana da entrega do prémio são também representativas da importância de cada uma das Personalidades do Ano; certamente que ainda voltaremos a esses textos para voltarmos também a recordar aquilo que queremos que se mantenha na ordem do dia e faça jus ao prémio e aos premiados.

Personalidade do Ano Política - Fernando Paulo Ferreira
• Estou ao serviço da população e há imensas coisas ainda para fazer. Penso mais no futuro do concelho do que no meu futuro pessoal.
• Acho que o Governo tem sido sensível aos argumentos do presidente da Câmara de Vila Franca de Xira. Mas a função do autarca é lutar pela sua terra e luta seja qual for o governante que esteja em funções.
• Conseguimos reposicionar o concelho na área metropolitana de forma marcante em várias áreas. Trouxemos os maiores investimentos.
• A mobilidade rodoviária tem-nos preocupado e a solução passa pela abertura de novas vias. Tivemos alguns contributos péssimos por parte da Infraestruturas de Portugal que causaram vários constrangimentos em várias zonas da estrada nacional.
• O município é o único no país que está certificado nesta área do combate à corrupção. É muito importante que as questões da prevenção da corrupção.
• Assusta-me a impreparação dos protagonistas políticos dos partidos de extremos.

Personalidade do Ano Cultura - Massimo Esposito
• Não faço imagens religiosas. Sou Testemunha de Jeová e segundo a bíblia não adoramos imagens. Já tive boas propostas em Fátima para fazer os santinhos, mas não faço.
• Havia muitas diferenças entre Itália e Portugal, mas gostei das pessoas e do clima. Conheci forcados e gostei do ambiente Ribatejano e fiquei.
• Vivia a fazer retratos e painéis de azulejos mas não conhecia o país nem a língua. Mas sempre confiei no meu trabalho.
• Só espero reacções da minha mulher que é a melhor crítica que tenho. Ultimamente não faço exposições porque não quero, a menos que seja convidado.
• Há pessoas que têm dinheiro e gastam-no, outras nem tanto. É por isso que faço reproduções dos meus quadros e vendo a preços mais agradáveis. Há uma parte da sociedade que entende que ter um quadro assinado e com uma declaração que é um quadro único e original vale a pena, outros não.

Personalidade do Ano Desporto - Clube Desportivo de Torres Novas
• Conseguimos uma sede só que está fechada. Para mim aqui [no estádio municipal] é que é a sede, é aqui que trabalho, que os pais vêm pagar as mensalidades.
• Nenhum de nós é pago. Às vezes ainda somos nós a meter algum dinheiro. Temos um orçamento anual de 80 mil euros, com a maior fatia a ir para a equipa sénior e respectivos treinadores.
• Sócios de nome não os quero para nada. O clube não precisa desse tipo de sócios. Temos mais de 400 sócios que são pagantes.
• O resultado nunca é o mais importante. O que mais interessa é eles formarem-se enquanto pessoas.
• Há miúdos que são aqui largados e os pais esquecem-se de os vir buscar. Vêm aqui ter alguns a chorar e como temos o telefone dos pais ligamos.
• Os pais são o maior problema que temos, não todos evidentemente, mas há pais que pensam que os meninos são o Cristiano Ronaldo.

Personalidade do Ano Desporto - Juventude Ouriense
• Somos o clube mais eclético do concelho de Ourém. Não conheço a nível regional um outro clube que tenha tantas modalidades como nós. Quando vim para a direcção só tínhamos três modalidades. Temos modalidades que nasceram connosco do zero e lutámos muito para que elas sejam o que são hoje.
• O clube rege-se por carolas, um grupo de pessoas que dedicam a esta comunidade e esta casa muito do seu tempo livre, em prejuízo da família e até do trabalho, para levar o Ouriense para a frente.
• Somos um clube da terra, com força de vencer e de superação muito grande. O espírito competitivo não tem nada a ver com os clubes de outras divisões. Aqui sentimos muito o amor à camisola e ao desporto.
• O futuro dos clubes passa por terem ao serviço gestores remunerados. Se isso é para todos os clubes? Não. Mas os clubes sem a dedicação das pessoas das comunidades vão começar a acabar.

Personalidade do Ano Cidadania - Casa do Pombal - A Mãe
• Na hora da partida uma menina agarrou-se às pernas de uma mesa e não queria ir. Queria ficar naquele lugar onde encontrou carinho.
• Tivemos muitas ajudas de voluntários, inclusivamente de uma arquitecta, e construiu-se esta casa que é luz no coração destes meninos.
• Temos neste momento 20 crianças, que é o máximo da lotação da instituição. O mais novo tem um ano, mas já tivemos um bebé com 17 dias.
• Quem entrou nesta casa fica sempre no nosso coração. Ouvimos muitas notícias de crianças e jovens que fogem das instituições, aqui nunca tivemos uma fuga em 20 anos. Vêm visitar-nos, querem cá ficar aos fins-de-semana e passar férias. Alguns, já com filhos, aparecem cá com os meninos.

Personalidade do Ano Cultura - Inestética
• Sempre tive total liberdade criativa e não sinto tabus. Todos os assuntos são potencialmente interessantes para serem tratados do ponto de vista performático.
• Se nos rendermos a objectos artísticos que só têm como objectivo principal a questão comercial estamos a espartilhar a arte que se produz.
• Pela nossa irreverência e pela dimensão experimental a Inestética assume-se como um projecto que preenche lacunas na oferta. Não é institucional, é uma oferta que tem maior risco artístico.
• Vila Franca de Xira tem pouca massa crítica. Há uma falta de cultura e hábitos de fruição cultural e afastamento das novas linguagens, que não é de agora. Vila Franca de Xira cristalizou enquanto cidade.
• Confesso que um dos sonhos que tenho é deixar um legado. Que a Inestética viesse no futuro a ser uma fundação.

Personalidade do Ano Associativismo - CASBA
• Tivemos de nos posicionar para oferecer um serviço diferenciado, senão seríamos sempre o parente pobre.
• Conseguimos vencer e enquadrar-nos nos nossos objectivos com uma gestão profissional. Criou-se a ideia há uns anos de que toda a gente na área social tinha de ser muito pobrezinha e isso não tem de ser assim.
• Não queremos uma pessoa que venha só para um emprego e cumprir horário. Queremos uma pessoa que venha disposta a abraçar um desafio.
• É preciso uma grande gestão a nível de pessoal e estas casas não se gerem de chicote na mão. Dirigem-se criando condições que as pessoas muitas vezes nem se apercebem que têm.