Autarca de Santarém diz que ministra da Agricultura devia ter sido demitida
Ricardo Gonçalves não poupou Maria do Céu Antunes na última sessão da Assembleia Municipal de Santarém. Em causa a actuação da ministra após a perda de fundos comunitários para o Centro de Excelência para a Agricultura e Agro-indústria, previsto para a antiga Estação Zootécnica Nacional.
A Câmara de Santarém desistiu de financiar o projecto do Centro de Excelência para a Agricultura e Agro-indústria, a criar na antiga Estação Zootécnica Nacional, no Vale de Santarém, devido à perda de financiamento europeu superior a 5 milhões de euros do quadro comunitário que agora terminou. A autarquia decidiu mudar a agulha e apoiar projectos do mesmo ramo que a Escola Superior Agrária de Santarém pretende desenvolver; e o presidente do município, Ricardo Gonçalves (PSD), defende mesmo que a ministra da Agricultura devia ter sido demitida por não ter exonerado aquele que considera ser o responsável pela perda desse financiamento – o presidente do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV).
Na última sessão da Assembleia Municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves recordou que o INIAV, como entidade coordenadora do projecto que envolvia diversos parceiros, é responsável pela perda de 5 milhões de euros de fundos comunitários destinados a um projecto que a Câmara de Santarém pretendia apoiar com 300 mil euros referentes à comparticipação nacional. Tudo porque, segundo o autarca, a reprogramação da candidatura a fundos comunitários não foi apresentada em devido tempo (em Agosto de 2021), numa altura em que o presidente do INIAV estaria de férias.
Ricardo Gonçalves revelou também que numa reunião com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, onde estiveram igualmente dirigentes da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), a governante terá dito que iria demitir o presidente do INIAV. Tal como, aliás, o presidente da Câmara de Santarém e o presidente da CIMLT, Pedro Ribeiro, já tinham sugerido. “Se fosse um autarca que faltasse a uma reunião para fazer uma reprogramação de fundos comunitários caía-lhe tudo em cima”, disse o autarca de Santarém, reforçando que “houve uma pessoa que está à frente de um instituto que gere milhões de euros que faltou a uma reunião por estar de férias, não fez a reprogramação e perdeu cinco milhões”.
A Câmara de Santarém tinha previsto apoiar o projecto do Vale de Santarém no quadro comuniário Portugal 2020, que agora terminou, enquanto no Portugal 2030, que agora começa, o apoio seria para projectos na Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS). Ricardo Gonçalves enfatizou que “o INIAV falhou” e por isso não faz sentido dar-lhe uma segunda oportunidade e “deixar a ESAS para trás”. Até porque não houve responsabilidades assumidas. Para o autarca, o presidente do INIAV devia ter sido demitido; e também a ministra da Agricultura por não o ter feito. “Eu não tenho capacidade para demitir ministros”, acentuou na resposta a questões colocadas pelo socialista Rui Barreiro.
Quanto aos projectos para a Escola Superior Agrária de Santarém, Ricardo Gonçalves revelou que têm havido contactos com a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, que na passada semana esteve de visita a Santarém e ao campus da ESAS. Entre os projectos está a criação de um Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia Agroalimentar.