Opinião | 15-12-2016 11:49

Natalando

Este é o tempo em que ficamos bem retratados, sucedem-se os jantares e almoços de paz e amor e compramos o que não necessitamos muitas vezes com o dinheiro que não temos.

Esta é aquela época maravilhosa em que tudo parece mudar para pequenos e grandes. Como já aqui escrevi, para além de patetas e insustentáveis relvados, temos agora pistas de gelo. Esta das pistas de gelo é das modas mais estúpidas de que me recordo. Não consigo ver nenhum jeito nisto.
Este é o tempo em que ficamos bem retratados, sucedem-se os jantares e almoços de paz e amor e compramos o que não necessitamos muitas vezes com o dinheiro que não temos. Por uns dias vivemos no mundo do Pai Natal para depois voltar tudo à mesma.
Sobretudo com as compras, apela-se à consciência de cada um – pouco mais há a fazer. Parece finalmente existir alguma coisa em que a responsabilidade é de facto nossa e não de algo externo sobre o qual nada podemos fazer – bem ao nosso jeito. Na verdade, nada muda e nada melhora se nós, como coletivo, não mudarmos para melhor. Esta é, quiçá, a maior das tarefas. Como uma grande caminhada começa e se conclui com pequenos passos, tudo na vida assim é – pequenos passos ao jeito de cada um, para não haver desculpas. Estamos preparados para fazer face a todas as agressões comerciais que sofremos? Para isso, é necessário conhecer conceitos básicos para tomar decisões fundamentadas nas nossas aquisições, indispensáveis todo o ano mas especialmente nestes dias de febre consumista. Numa palavra, consumir responsavelmente. É, na verdade, altura de mudar os nossos hábitos de consumo ajustando-os às necessidades reais e fazendo escolhas que favoreçam a conservação do meio (ambiente) e a igualdade social.
Tudo o que compro prefiro fazê-lo localmente, mesmo que pague um pouco mais, atendendo sempre ao local onde o bem é produzido e como. As listas de compras e o orçamento disponível constituem uma excelente ferramenta; normalmente evitam desvios que em janeiro nos batem à porta com faturas para pagar.
Este vamos experimentar nas prendas familiares o conhecido “amigo secreto”: cada um de nós ficou com um “amigo” que foi secretamente sorteado e o presente que temos de comprar é apenas para esse familiar que nos calhou. Suspeito que a coisa vai funcionar bem, pois fixou-se um valor de referência para o presente e a tendência vai ser de fazer ofertas mais adequadas e úteis; todos ganhamos. Confesso que ando há uns dias a pensar no presente para o meu “amigo secreto” e a coisa não está fácil; todavia, será sempre mais fácil e mais económico do que ter de sair um dia para a rua com uma lista de quinze ou vinte pessoas a quem iria comprar presentes. Fácil e económico: todos ganhamos e, estou certo, também o ambiente sai beneficiado.
Carlos Cupeto
Universidade de Évora

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