Opinião | 01-08-2019 07:00

Um homem invulgar numa cidade madrasta

Um homem invulgar numa cidade madrasta
OPINIÃO

É muito difícil encontrar palavras para glorificar a grandeza de Álvaro Pinto Correia, recentemente falecido, que deixou obra e exemplos que não foram reconhecidos em vida em Santarém.

Santarém não é pródiga em personalidades que conjugam uma brilhante carreira profissional desenvolvida no país ou no estrangeiro, e um manifesto interesse, paixão e preocupação pela sua cidade de origem. Os poucos que tem tido ao longo da sua história, são normalmente votados ao esquecimento e à indiferença.

Atentem ao currículo de Álvaro Pinto Correia (ver caixa).

Teve uma carreira profissional excepcional e invulgar, só possível pelos valores e características que pautaram a sua vida: competência, rigor, lealdade, sobriedade, bom senso e humildade.

São atributos raros que só os eleitos possuem. Não é de estranhar por isso que nas suas cerimónias fúnebres estivessem presentes dois presidentes da República, como também não é de admirar que preferisse ser sepultado em campa rasa no cemitério de Tremez. A grandeza e humildade sempre presentes na sua vida, fizeram dele uma das personalidades mais respeitadas no país.

Já é habitual Santarém demonstrar resignação nuns casos e contribuir de forma deliberada noutros, para a perda e esquecimento das suas melhores referências e do que lhe dá notoriedade e distinção. Não é de admirar por isso que tenha ao longo dos últimos anos reconhecido e enaltecido pessoas e entidades irrelevantes e não preservado a existência e memória dos que justamente o merecem.

Há uns anos, Álvaro Pinto Correia viveu incomodado durante um certo período de tempo, pelo facto de uns vereadores se terem oposto a uma proposta do presidente José Miguel Noras para lhe outorgarem a medalha de mérito municipal. Como era um lutador e trabalhador incansável, cedo esqueceu esse episódio. Mas é altura dos seus amigos escalabitanos e o município não se esquecerem de lhe prestar a devida e honrosa homenagem.

Licenciado em Engenharia Civil pelo IST; Professor no IST e na Academia Militar; Secretário de Estado da Construção – VI Governo provisório; Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo – I Governo Constitucional; Presidente Conselho Geral do Banco Totta & Açores; Administrador da CGD durante 14 anos; Presidente da Associação Portuguesa de Bancos; Presidente da SOFID; Presidente da Companhia de Seguros Fidelidade; Presidente do Conselho de Supervisão do Montepio; Presidente do Instituto de Seguros de Portugal; Presidente do Conselho de Administração da INAPA; Administrador da Companhia Cabora Bassa; Presidente da Fundação Cidade de Lisboa; Presidente do Conselho de Administração da Tagusgás; Presidente da Assembleia Geral da Nersant; Presidente do Conselho Geral da Nersant; Membro das Ordens Honorificas da República; Presidente da Mesa do Banco Alimentar contra aFome de Santarém; Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Misericórdia de Santarém; Membro da Casa da Europa do Ribatejo; Presidente da Assembleia Geral da Escola Profissional do Vale do Tejo; Coordenador do grupo de trabalho que negociou as dívidas da República Popular de Angola às empresas portuguesas; Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial; Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique; Personalidade do Ano em 2011 pelo jornal O Mirante.

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