Opinião | 10-09-2019 10:00

A discriminação dos toiros e as apetitosas pombinhas

A discriminação dos toiros e as apetitosas pombinhas
OPINIÃO

Emails do Outro Mundo

Gastrónomo Serafim das Neves

A maior parte dos assassinos, vítimas de crimes violentos e assaltantes condenados a penas de prisão de vinte e tal anos, surgem nas fotografias que os meios de comunicação social lhes “sacam” das páginas do facebook, a sorrir descontraídos, a fazer sinais com as mãos como os artistas e futebolistas famosos, ou ao volante de carros e motas topo de gama.

Como ainda sou do tempo em que todas as fotos, fossem da necrologia ou do crime, eram a preto e branco e mostravam pessoas que metiam dó, no caso das vítimas, ou que geravam repulsa, no caso de violadores, assassinos ou assaltantes de bancos, fico sempre fascinado e a oscilar entre a inveja e a empatia, uma vez que todos, vítimas e carrascos, são referidos pelos vizinhos como pessoas de bem, cordatas, simpáticas e felizes.

Na prática, a comunicação social em geral, está a contribuir para o fim da estigmatização e discriminação de assassinos e assassinados, tornando-nos todos iguais e dando a entender que os tempos em que assassinos vergados ao peso da culpa, como Raskolnikov do livro Crime e Castigo de Dostoievski, por exemplo, são coisa do passado. De sociedades atrasadas.

É verdade que quem mata alguém ou é assassinado e não está nas redes sociais aparece nas notícias sem foto ou com uma foto tirada do álbum do casamento ou copiada dos papéis da agência funerária, embora no caso de alguns criminosos também aconteça ser usada uma foto tirada à socapa à saída da carrinha celular, mas essas raras excepções têm os dias contados, uma vez que, cada vez mais, quem não está no facebook ou twitter, não existe. E não existindo não pode assassinar ou ser assassinado.

O PAN - Pessoas Animais e Natureza está cada vez mais parecido com os outros. Promete, promete, mas as promessas não são para todos. Vê, por exemplo, o Serviço Nacional de Saúde Animal que eles querem criar. É só para cães e gatos, Serafim. Só para cães, vê lá tu!! E os toiros cuja sorte eles tanto choram à porta das Praças? Os toiros que já se sabe que vão ser espetados com bandarilhas??!! Pois é, para esses nada!! Os ribatejanos devem ir já para as redes sociais indignar-se contra tamanha discriminação.

Eu nem falo das formigas que são massacradas às centenas sem que se oiça um ai desses falsos defensores dos animais mas os toiros, caramba...é demais serem assim discriminados no novo Serviço Nacional de Saúde. Usam-nos para a propaganda mas depois abandonam-nos à sua sorte e só querem saber de cães e gatos.

Por falar em animais e amigos dos animais, concordo com a tua ideia de recuperação de receitas de pombo para combater o excesso daquelas aves nas cidades e vilas da região e espero que a os autarcas que os querem combater, comecem desde já a apoiar festivais gastronómicos do pombo e do borracho, como forma de preservar tão deliciosa tradição popular. O pombo merece mais do que apenas ser conhecido por aquela ave que caga tudo. Eu, tal como tu, para além de pombo frito, estufado ou de fricassé, também adoro pombas, borrachos e pombinhas...ao natural!!

Saudações culinárias

Manuel Serra d’Aire

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