Opinião | 08-01-2020 07:00

A Greta, o Alho e outras divagações matinais na ressaca do Ano Novo

A Greta, o Alho e outras divagações matinais na ressaca do Ano Novo
OPINIÃO

Emails do Outro Mundo

Portentoso Manuel Serra d’Aire

A vida está cheia de paradoxos, incongruências e injustiças. O mundo parece que acordou para a vida e para as consequências desastrosas das alterações climáticas graças a uma adolescente sueca de nome Greta, nome que na língua portuguesa não será dos mais felizes e se presta a comentários marialvas e jocosos. Mas isso é outra conversa.

Greta começou a ser falada depois de iniciar uma greve às aulas para chamar a atenção para a emergência climática decorrente do aquecimento global. E é logo aqui que a porca começa a torcer o rabo. Uma adolescente que se balda às aulas, mesmo que pelas causas mais nobres (eu baldava-me para ir jogar à bola ou aos pássaros, coisas menos simpáticas, reconheço) vê-se de repente incensada pela comunicação social e pelas redes sociais, por debitar meia dúzia de frases do senso comum com ar severo e repreensivo. Se a Greta tivesse vivido em Salvaterra de Magos há uma década atrás provavelmente tinha sido retirada aos pais a meio da noite pela CPCJ local e internada numa instituição, por andar a faltar à escola. Teve a sorte de não estar no local errado na hora errada...

Este mediatismo e fanatismo em redor da Greta representa, para mim, uma tremenda injustiça em relação a muitos ambientalistas que andam a tentar salvar o planeta há décadas. Assim de repente salta-me ao pensamento o José Alho, de Ourém, antigo dirigente da Quercus, que provavelmente por nunca ter faltado às aulas ou à catequese para se amarrar a uma azinheira não teve, em momento algum da sua vida, uma migalha da fama da Greta. Tivesse ele o cabelo loiro e o nariz arrebitado e se calhar já tinha sido Prémio Nobel da Paz ou coisa que o valha.

Há outra questão que me atormenta as meninges neste início de 2020. Li há dias que o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira não vê com bons olhos a transferência do terminal ferroviário de contentores da Bobadela (às portas de Lisboa) para a zona da Castanheira do Ribatejo, uma freguesia do seu concelho. E isso deixou-me perplexo. Porque Castanheira do Ribatejo foi precisamente o local escolhido, já lá vai uma década ou mais, pela Câmara de Vila Franca de Xira e pelo Governo de então, liderado pelo excelso engenheiro Sócrates, para se implantar uma gigantesca plataforma logística.

Na altura houve o lançamento da primeira pedra com pompa e circunstância, com muitas televisões e máquinas fotográficas a registar a solenidade do momento, mas a verdade é que a tal plataforma logística até agora não serviu para nada, a não ser para enterrar dinheiro. E, pelos vistos, também não serve para receber ou despachar contentores por via-férrea. Como dizia a minha avó: há coisas levadas da breca!

Votos de um bom 2020 do Serafim das Neves

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