Opinião | 15-01-2020 18:00

As palmadinhas santas e os grafiteiros incompetentes

As palmadinhas santas e os grafiteiros incompetentes

Emails do Outro Mundo

Insurgente Serafim das Neves

A Junta de Freguesia de Mouriscas, Abrantes, enviou uma carta aos seus fregueses mais endinheirados, a pedir donativos para pagar reparações feitas na sede. Ainda antes de chegarem os donativos chegaram críticas de opositores políticos e do presidente da Câmara de Abrantes. Os primeiros porque acham mal a pedincha, desde que a mesma não seja feita por eles, uma vez que, provavelmente têm mais jeitinho para a arte. O segundo porque queria ser ele o único benfeitor.

Desde que me lembro sempre houve pedidos de donativos um pouco por todo o lado, quer através de cartas, telefonemas, ou de cantorias à porta dos benfeitores, como, por exemplo, na noite de Reis. Pedir, pedinchar, mendigar, solicitar, rogar, implorar, demandar, faz parte da nossa cultura, da nossa vivência.

A Junta de Freguesia de Mouriscas deve ser elogiada por manter as tradições. Os beneméritos que contribuírem para a causa devem ter os seus nomes inscritos nas obras. Janela Teixeira Simplício; porta Hermengarda Rodrigues; lavatório Rolando Peres... e por aí fora. Se eu tivesse contribuído queria ter uma plaquinha na casa de banho a dizer: Bidé Manuel Serra d’Aire, por exemplo.

Tem sido muito badalada uma obra escultórica chamada “A Linha do Mar”, da autoria de Pedro Cabrita Reis, colocada na marginal de Leça da Palmeira por ter sido vandalizada com a palavra vergonha pintada com um spray. Quanto a mim, trata-se de uma injustiça toda esta publicidade dada àquela escultura, digamos assim.

Em Abrantes, junto à chamada rotunda do quartel, na Avenida das Forças Armadas, está, desde 2016, uma escultura muito melhor, mas mesmo muito melhor, da autoria de Charters de Almeida e os jornais e televisões de Lisboa não lhe ligam nenhuma.

As duas esculturas custaram aos municípios para cima de 250 mil euros. Tanto uma como outra, são valiosíssimas, independentemente de andarem por aí uns burgessos a dizer que não valem nada. A prova maior do seu valor artístico é o facto de serem vistas diariamente por centenas e centenas de apreciadores de arte que não dispensam uma passagem diária, ou duas, pelos locais onde elas estão.

Lamentavelmente os nossos grafiteiros não valem nada ao pé dos colegas de Leça da Palmeira e em vez de usarem a escultura de Charters de Almeida para dar azo à sua criatividade, preferem pintar paredes e carruagens de comboios. São umas nódoas em termos artísticos. E olha que as portas de Abrantes, ou lá o que é, foram feitas, de propósito, naquele aço que fica ferrugento ao fim de três dias, porque agarra melhor a tinta.

Vi na televisão o Santo Padre, ou o Papa, como também lhe chamam, dar duas palmadas nas mãos de uma mulher que o estava a puxar para junto dela. Foi bonito e didáctico e eu próprio já fiz o mesmo, já lá vão uns anitos largos. Não foi por falta de paciência como aconteceu ao Papa mas devido a um momentâneo e incontrolável entusiasmo. A única diferença foi que, em vez de lhe dar palmadas nas mãos dei-lhe um pouco mais abaixo... nas nádegas. E não foi com a força divina do Papa Francisco.

Toda a gente desculpou o Papa, porque ele é santo. No meu caso, a minha fogosa namorada de então, em vez de me desculpar, optou por me agradecer, com ar prazenteiro, e pôr-se à disposição para uma nova sessão. Aceitei e incensei-a, logo ali. E mais não conto porque ainda sou beatificado... perdão, crucificado!!

Saudações apostólicas

Manuel Serra d’Aire

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