Opinião | 04-06-2020 07:00

O gatuno do Arripiado, os toureiros amarrados e o populismo de Marcelo Rebelo de Sousa

A população de Arripiado vai ter o merecido descanso. Pandemia não rima com touradas; Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa são dois populistas que se aproveitam do jornalismo tipo “pé de microfone”.

Pandemia não rima com tauromaquia. Não é preciso ser bruxo para antecipar, a muito curto prazo, a morte das corridas de toiros se não forem pagas com língua de palmo como aconteceu recentemente na Chamusca onde a câmara municipal se substituiu ao empresário da praça e pagou tudo, à grande e à fartazana, dando ar ao dinheiro que não utiliza para as obras e para o desenvolvimento social, cultural e económico do concelho.

Alguns artistas da festa foram acorrentar-se nos portões da praça de toiros do Campo Pequeno, em Lisboa, para serem filmados para as televisões e assim reivindicarem publicamente o regresso das touradas para poderem voltar a trabalhar. A mobilização não envergonha quem lá esteve mas devia envergonhar quem vive da festa e ficou em casa. O mundo dos toiros é um retrato das velhas tradições do mundo de outras eras e de outros costumes. Basta estarmos atentos à popularidade e à intervenção cívica da maioria dos artistas para percebermos que as touradas têm os dias contados se a montagem dos espectáculos não for assegurada por dinheiros públicos. É evidente o receio das grandes marcas de se associarem a um espetáculo que, entretanto, começou a ser considerado bárbaro por uma boa parte da sociedade portuguesa. Curiosamente os homens dos toiros continuam a assobiar para o lado e não fazem nada para darem a mão à palmatória evoluindo também em consonância com os novos tempos e a forma de pensar das novas gerações.

O MIRANTE deu voz à população do Arripiado, Chamusca, que vive aterrorizada com os assaltos. Foram as pessoas que nos ligaram e que, depois, se juntaram no largo principal da aldeia à volta do repórter para gritarem por socorro. Nesta edição damos conta de desenvolvimentos que provam a importância da intervenção cívica dos cidadãos que dão a cara para defenderem o que têm de mais precioso que é a vida e o juízo. Neste meio tempo, aqueles que tinham por obrigação darem o peito às balas, e mostrarem solidariedade, ficaram escondidos no conforto dos seus gabinetes.

Quem tem a sorte de poder acompanhar visitas de trabalho do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ou do primeiro-ministro, António Costa, percebe quantas dezenas de jornalistas, vulgo “pés de microfone”, se movimentam como bonecos articulados tentando roubar um som diferente, apanhar um gesto espectacular ou, quem sabe, filmar em directo um tropeção ou uma brejeirice de um destes protagonistas. Tanto Marcelo Rebelo de Sousa como António Costa têm feito a agenda de muitos jornalistas só para debitarem o mesmo discurso de sempre, como se o mundo ficasse melhor cada vez que entram numa livraria, num restaurante ou num jardim-de-infância. Respeitar a democracia também é combater o populismo. Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa dão um mau exemplo quando exercem as suas funções institucionais permitindo que os jornalistas os persigam como se, de repente, pudessem caminhar por cima dos microfones ou dos teclados dos smartphones. JAE.

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